23 de set. de 2009

METAPRINCÍPIOS - ACEITAÇÃO


Ao terceiro metaprincípio de um desenvolvimento integral, denomino de círculo da aceitação. O movimento de aceitação, de modo algum implica em passividade ou acomodação.

Pelo contrário; aceitar é uma qualidade dinâmica, quando nos fazemos não duais com a realidade e, nesta inteireza, somos plenificados de energias, o que possibilita a transformação ou superação do obstáculo em questão.

Nós apenas mudamos aquilo que aceitamos, num primeiro momento. Quando não aceitamos algum aspecto da realidade, seja interna ou externa, nós nos dividimos – entre o ideal e o real – o que nos leva a uma dispersão energética. Sem energia não é possível a transformação.

Assim, a não aceitação nos leva a um esgotamento energético, que nos encerra no círculo vicioso da estagnação. O alinhamento lúcido com a realidade é o que nos possibilita sua transcendência.

Eis a força do que Mahatma Gandhi afirmava ser o resumo de todas as orações: Seja feita a vossa vontade. Este processo virtuoso pode ser assim resumido: eu me alinho com a realidade para estar inteiro e com a energia advinda desta integridade, posso atirar-me no processo de transmutação da própria realidade.

Falando de um outro modo, há três tipos de pessoas que querem transformar o mundo: o rebelde, o revolucionário e o conspirador. O rebelde é alguém imaturo, que tem problemas não resolvidos com as autoridades, com o papai e mamãe no interior de si mesmo, projetando-os no exterior, sendo sempre do contra; em suma, é uma pessoa que necessita de psicoterapia.

O revolucionário já é uma pessoa com maturidade, que faz a crítica das contradições sistêmicas e postula uma ideologia que considera mais justa. Entretanto, há sempre uma arrogância nesta atitude de querer mudar o mundo, sem antes ter se transformado. Em função disto é que presenciamos praticamente a derrocada de todas as revoluções.

Finalmente, o conspirador é a pessoa que fez a revolução no interior de si mesmo, trabalhando com o ditador no seu próprio coração, dando um testemunho de autotransformação, naturalmente tornando-se um facilitador da transformação social e ambiental.

O conspirador é aquele conhecedor de si, que se deu conta que é um pedacinho de praça pública e caso queira ser agente de qualidade, de desenvolvimento no mundo, ele tem que começar por este pedacinho de universo que lhe foi confiado.

Este é o líder capaz de aceitação de si, do outro e da realidade, assumindo um autêntico papel de agente de transformação.

O autoconhecimento para o qual nos convocavam Sócrates, e todos os grandes mestres, é a única forma de prevenir a humanidade das guerras, dos genocídios e das grandes tragédias.

Porque somente mata o outro, somente viola e exclui aquele que não se conhece, porque se conhecer é se conhecer na relação, na vinculação com o outro e com o Totalmente Outro, o Mistério que, reconhecido ou não, sempre está presente.

Eis as palavras mágicas:

Sim, eu reconheço e aceito!

Paz Profunda!

Referência bibliográfica:

Crema Roberto. Saíde e plenitude. Um caminho para o Ser. Editora Summus, 1995, 1ª edição, São Paulo-SP.

15 comentários:

Antonio Coni Neto disse...

Belo texto Norma. E Roberto nos convida o tempo todo a conspirar, a Ser conspirador, um Ser Humano consciente de si, consciente da nossa luz e da nossa sombra. E guiado pela essência para praticar uma escolha amorosa.
Foi bom passar por aqui.
Beijos,

Rosan disse...

Sabe Norma, quando adolescente já fui a rebelde, quando comecei a trabalhar, revolucionária, e agora graças aos céus sou conspiradora....
quero mudar as coisas erradas em mim uma de cada vez para facilitar, e não desistir no meio do caminho.
Gostei muito do texto.
Beijos iluminados
Rosan

Hugo Cheng disse...

Muito bom texto. Acredito que todos temos um pouco disto tudo, vamos aprender a conspirador. Abr.

Norma Villares disse...

Obrigada Antônio, realmente Roberto nos convida o tempo todo a conspirar, sem perder de vista a consciência de que somos ao mesmo tempo luz e sombra. Bonito! Obrigada

Norma Villares disse...

Hugo, muito obrigada. Temos que aprender a conspirar no florescimento da essência mais pura. Abraços

Norma Villares disse...

Agradeço seu comentário Rosan. Acredito que cada de nós vai passando por estas fases, e o caminho vai mostrando novos rumo mais lúcidos e ficamos grávidas de conspiração. Desistir nunca! Abraços luminosos

Clara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Clara disse...

Acho não cheguei a fase da conspiração, rsrsrsrs. Este metaprincípio é muito importante pra crescer. Imagine, nem acetamos nosso cabelo, rsrsrs. Morana querendo ser loura. Cabelo liso querendo cachear... É duro. Beijim

angela disse...

Bonito texto, a aceitação é a chave para ficar em paz consigo mesmo e com o mundo. Podendo olhar suas contradições, o que gosta e o que não gosta em si e aprendendo a lidar com isso, sem jogar fora.
Beijos

Norma Villares disse...

Nada deve ser jogado fora, nada. Tudo deve ser reconhecido e aceito, para reformar e reconstruir um novo modelo. Obrigada Angela

Lívia Luz disse...

Acredito que a fase de revolucionário quase todos passaram por ela. Mas o Revolucionário pacífico, este realmente é o verdadeiro conspirador, pois conhece a si.
Disse pra si mesmpo, eu aceito ser quem sou, e conspiro para vir a ser o o novo ser humano que serei no futuro. Abraços

Norma Villares disse...

Mas somente a passagem do tempo, pode construir este novo momento do psiquismo humano. Tudo tem seu tempo, e tudo chega na hora exata. Obrigada amiga, abraços

Peregrina da Luz disse...

Estes metaprincios são conspiradores. É muito claro que o mistério da vida há de ser reconhecido, e sempre está presente em todos processos de auto conhecimento. Paz e Luz. Abr

Norma Villares disse...

Agradeço seu comentário Lara, e creio que estes metaprincípios conspiram para nossa elevação. Todo caminho trilhado vai mostrando e descortinando outros tantos para realizar a bem-aventurança. Abraços conspiradores

Adelia Ester Maame Zimeo disse...

Roberto Crema é um dos seres holísticos que tanto admiro. Texto maravilhoso, que nos revela a importância da vinculação com o Outro. A princípio o Outro que habita em nosso profundo ser. Assim, compreendo e aceito plenamente o Outro com quem comungarei e me revelarei. Paz Profunda!