26 de jun. de 2011

A eloquência da mentira




A MITOMANIA é uma tendência patológica relacionada ao hábito de mentir. O mitômano, diferente do mentiroso, cria suas histórias verossímeis e muito bem construídas, a fim de suprir alguma necessidade interior. Por Andrea Bandeira

A Pseudologia fantástica, mitomania ou mentira patológica são termos utilizados por psiquiatras para definir o comportamento habitual do mentiroso compulsivo. Esse comportamento foi descrito pela primeira vez na literatura médica em 1891, pelo psiquiatra alemão Anton Delbrueck. Mentira patológica pode ser definida como a falsificação totalmente desproporcional para qualquer finalidade em vista, que pode se manifestar ao longo de um período de anos ou durante toda a vida.

Normalmente, as mentiras dos mitomaníacos, ou mitômanos, estão relacionadas aos assuntos específicos, porém podem ser ampliadas e atingir outros assuntos, em casos considerados mais graves.

Justamente por não possuírem consciência plena do que se passa com eles, os mitômanos acabam por iludir os outros em histórias de fins únicos e práticos, com o intuito de suprirem aquilo que falta em suas vidas. É considerada uma doença grave, necessitando que o seu portador obtenha grande atenção por parte dos amigos e familiares.

Para Philippe Jeammet, professor titular de Psiquiatria da Criança e do Adolescente da Universidade de Paris, os casos evidenciam comportamentos mitômanos que não têm nada de verdadeiramente novo, a não ser a divulgação pela mídia de que foi objeto, isso, antes mesmo que se descobrisse que os fatos alegados não ocorreram. “A maioria das mitomanias é bem construída e se alimenta de histórias verossímeis”, explica Jeammet. “Assim, é lógico que as pessoas próximas se deixem atrair para o jogo, pois não podemos de todo modo começar a suspeitar que todos são mitômanos”, conclui.


Difícil diagnóstico e tratamento.

Não se sabe ao certo os motivos pelos quais a mitomania se manifesta. Primeiro, porque acarreta milhares de fatores sociopsicológicos da pessoa afetada e, segundo, porque enfatiza uma situação social, podendo, então, mostrarse eventual, dependendo das circunstâncias presentes na época em que o indivíduo está vivendo. Na maioria das vezes, é por desejo de aceitação daqueles que o rodeiam.

A cura do indivíduo reside muitas vezes na criação de um quadro de cuidados que associa tratamento combinado: medicamentoso e psicoterapêutico. Tal acompanhamento torna-se a parte mais importante, sendo realizado pelas pessoas que rodeiam o mitômano e que ele mesmo requisitou para ajudálo, com o profissional responsável. É importante nunca negar a ele tal acompanhamento, sendo esta a chave para a cura.


A mitomania foi descrita pela primeira vez na literatura médica em 1891, pelo psiquiatra alemão Anton Delbrueck (foto)
Mentira na infância

“O surgimento, em 1905, do conceito de mitomania infantil leva a matizar o otimismo do discurso sobre a proteção à criança”, resume o historiador Jean-Jacques Yvorel em sua apresentação na segunda edição da revista francesa Le Temps de l’Histoire, dedicada à repressão da violência contra crianças. Dupré, responsável pela criação do termo, quer dar uma demonstração cientí ca para justi car a reserva expressa pela medicina legal de sua época contra a con abilidade da palavra da criança. Ele vai fundamentar sua demonstração em bases teóricas, às quais aderem na época tanto alienistas quanto pedagogos.

A teoria de Dupré repousa em um postulado básico: a infância corresponde a um estado primitivo da vida, no qual a imaturidade siológica produz uma imaturidade mental, comparável a certo grau de debilidade. Em outros termos, na criança, a mentira é uma constante de natureza quase siológica. Segundo Dupré, todas as crianças mentem habitual e naturalmente. Essa característica só assume um caráter patológico em alguns casos. “Pode ser considerada patológica quando leva a uma necessidade de repetição”, explica o professor Philippe Jeammet do Institute Mutualiste Montsouris, em Paris. Ainda de acordo com o professor, o mitômano sempre sabe, no fundo, que o que ele diz não é totalmente verdadeiro.


imagens: shutterstock / reprodução
A mentira na infância pode ser considerada um comportamento natural. Nessa fase, a vida lúdica se faz muito presente e a mentira é uma constante de natureza quase fisiológica

“Na mitomania, a mentira é uma finalidade em si”, salienta o professor Jeammet. “Esse distúrbio tem sua origem na supervalorização de suas crenças em função da angústia subjacente.” A criança inclinada à mitomania e que constata que sua mentira é entendida como verdade, de acordo com os psiquiatras infantis tem um sentimento de prazer e de poder que pode facilmente incitá-la a recomeçar.

Há relato de caso de criança que estudava em uma escola de crianças com um nível social mais elevado e que se sentia inferior por causa disso. Ela, então, começa a contar histórias de viagens e passeios maravilhosos que fazia. À medida que os colegas acreditam em suas histórias e ela começa a se sentir aceita e interessante, passa a contar cada vez histórias mais incríveis.

Outras consequências
Ao serem expostos, os casos de mitomania tornam-se vergonhosos. Todavia, os mitômanos que buscam ajuda por vontade própria, pedindo a seus familiares e principalmente aos seus amigos, são considerados extremamente raros, pois eles conseguem perceber que estão sofrendo de um mal e desejam, acima de tudo, curar-se. O papel dos companheiros se torna extremamente importante na vida do indivíduo doente, já que eles que irão indicar os pontos e erros.

O indivíduo, ao não obter o apoio necessário ou ao ser recusado naquele grupo que participava, acaba por ser excluído de seus gostos e se vê sem aquilo que ama e deseja. Casos comuns demonstram que mitomaníacos envergonhados de si, pelo porte de sua doença, infligem-se o óbito quando abandonados por um parceiro, que não compreende a sua doença e o abandona, não acreditando na possibilidade de uma cura ou não restabelecendo os laços afetivos de antes.

O mitômano, principalmente aquele que reconhece sua doença e é abandonado por quem o rodeia, tende a apresentar piora no quadro, acarretando desejos inconstantes, profunda melancolia, depressão e desejo de suicídio. Dizer a verdade é um sofrimento para quem tem mitomania, uma forma de desequilíbrio psíquico caracterizado essencialmente por declarações mentirosas, vistas pelos portadores da doença como realidade. O mitômano geralmente acredita em sua própria história e a toma como fato. Essa característica faz que ele afirme um falso acontecimento com tanta certeza, que acaba por convencer seu ouvinte. Com o tempo, é natural as pessoas que rodeiam um mitômano perceberem a mentira. Porém, mais importante do que identificar a ação repetida de mentir, é reconhecer este ato como uma doença patológica.

• Suporte narcísico •

No filme VIPs - histórias reais de um mentiroso, o ator Wagner Moura interpreta Marcelo Nascimento da Rocha, atualmente preso por estelionato. A narrativa baseada em fatos reais, mostra a dificuldade de Marcelo em viver sua identidade. Seu prazer era imitar pessoas e se passar por elas. Na análise psicológica, ele é acometido por um transtorno de personalidade em que o sujeito cria um mundo imaginário, no qual as mentiras contadas em série definem a doença conhecida como mitomania




O mitômano passa a contar histórias que não são totalmente improváveis e muitas vezes têm algum elemento de verdade. Em certo grau da doença, a pseudologia fantástica pode também apresentar a síndrome de falsas memórias

Diferenças importantes
Podemos dizer que o discurso do mitômano é muito diferente daquele do mentiroso ou do fraudador, que tem finalidades práticas. Para estes, o objetivo não é a mentira, sendo ela apenas um meio para outros fins. Para os mitômanos, a mentira é uma forma de consolo por algum motivo criado em sua mente.

Esse distúrbio tem sua origem na supervalorização de suas crenças em função da angústia subjacente que está muitas vezes unida à angústia profunda, ao transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e à depressão.

Justamente por não possuírem consciência plena do que se passa com eles, os mitômanos acabam por iludir os outros em histórias de fins únicos e práticos, com o intuito de suprirem aquilo que falta em suas vidas

Vamos usar como exemplo clínico o caso de uma criança vítima de violência física de um pai alcoólatra. O pai, sempre que estava bêbado, a espancava. A criança passou a desenvol­ver um quadro depressivo e a apresentar em momentos que se sentia muito ansiosa, alguns comportamentos obssessivo-compulsivos. Começou, a partir daí, a contar histórias na es­cola de como tinha um relacionamento maravilhoso com o pai, que passeava com ele no final de semana, que iam à praia e jogavam futebol juntos.

Apesar de o mitômanoe sabe que o que ele diz não é to­talmente verdade,s ele também sabe que isso deve ser verda­deiro para que lhe garanta um equilíbrio interior suficiente. Em determinado momento, a pessoa prefere acreditar em sua realidade mais que na realidade objetiva exterior. Ela tem ne­cessidade de contar essa histó­ria para se sentir tranquilizada e de acordo consigo mesma. Em geral, essa manifestação deve-se à profunda necessidade de apreço ou atenção.

Dizer a verdade é um sofrimento para quem tem mitomania, uma forma de desequilíbrio psíquico caracterizado essencialmente por declarações mentirosas, vistas pelos portadores da doença como realidade

As características do com­portamento pseudológico fan­tástico consistem em histórias contadas que não são totalmen­te improváveis e muitas vezes têm algum elemento de verdade. Elas não são uma manifesta­ção de delírio ou algum tipo de psicose mais intensa: durante o confronto, o contador pode admitir que elas sejam inverídicas, mesmo que a contragosto. A tendência mentirosa é duradou­ra e não é provocada pela situação imediata ou pressão social, tanto quanto ela se origina de vontade inata da pessoa para agir em conformidade com algo ou alguém.

imagens: shutterstock / reprodução
Casos comuns demonstram que, ao serem expostos na mentira, mitomaníacos sentem-se envergonhados, porém, a busca de ajuda por vontade própria é rara


Definitivamente, o comportamento do mitômano é causado em decorrência de um motivo interno. As histó­rias contadas tendem a apresentar o mentiroso favoravel­mente. Por exemplo: a pessoa pode ser apresentada como sendo fantasticamente corajosa, saber sobre algo impor­tante ou estar relacionada com muitas pessoas famosas.

A pseudologia fantástica pode também apresentar a síndrome de falsas memórias, em que o doente realmente acredita que os eventos fictícios tenham ocorrido, independentemente de serem eventos fantasiosos. O doente pode acreditar, por exem­plo, que tenha cometido atos sobre-humanos de altruísmo e amor ou atos igualmente gran­diosos do mal diabólico, como o caso da criança que dizia, em alguns momentos, conversar com o diabo e que, nesses momentos, ela tinha o poder, que o diabo lhe dava, sobre a vida e a morte das pessoas. Assim, ela podia decidir quem iria viver e quem iria morrer.



Na mitomania, o discurso é muito diferente do mentiroso fraudador. Este tem a mentira atrelada a algum ganho m,aterial. Já para o mitômano, a mentira é uma forma de consolo criado em sua mente

Entre ficção e realidade
No entanto, outra faceta do distúrbio se apresenta quando o doente é repetidamente solicitado a recitar listas de supostas injustiças contra os outros. Estes eventos ocorrem quando uma pessoa está confinada involuntariamente e privada de sono. Estas duas condições (confinamento, por qualquer motivo, e privação de sono) são momentos que vivenciados como excessivamente estressantes e que alteram a capacidade de raciocínio.

Não existe o termo pseudologia fantástica, mitomania ou mentira patológica em nenhuma das edições dos manuais diagnósticos (CID-10 e DSM-IV), dificultando assim os estudos epidemiológicos. Segundo o psiquiatra holandês Delbruck Wiersma, deve haver alguma evidência de um prejuízo na distinção entre ficção e realidade para se realizar um diagnóstico de pseudologia fantástica ou mitomania. Por outro lado, a pessoa que possui o hábito de mentir deve manter alguma capacidade de reconhecer sua trapaça ao ser confrontada com as evidências. No entanto, eles buscam frequentemente mudar suas histórias, diferenciando dos quadros delirantes. Além disso, as histórias na pseudologia fantástica são primariamente estimuladas por motivos internos, psicológicos (ex: regulação da autoestima ou realização de fantasias), mais do que por motivações externas (ex: ganho financeiro ou preocupação em evitar punições). Infelizmente, poucos estudos têm se dedicado à questão, permanecendo a dificuldade para diagnóstico desses casos.


Andrea Bandeira é psicóloga graduada pela PUC-RJ, psicoterapeuta com formação fenomenológico-existencial pelo Núcleo de Psicoterapia vivencial (NPV), especialização em Psicossomática pelo Instituto de Medicina Psicossomática (IMPSIS), extensão em Neuropsicologia pelo Centro de Neuropsicologia Aplicada (CNA), especialização em Neuropsicologia pela Santa Casa de Misericórdia (RJ) e Neuropsicóloga do Grupo Sanare Saúde Integrada (21.2494-7004 - www.gruposanare.com)


Eu encontrei esse excelente texto da psicóloga Andréa Bandeira no facebook e estou publicando em meu blog com as devidas referências das fontes. Espero que gostem. Paz Profunda!




Referências bibliográficas:
WIERSMA, D. On pathological Lying (1933); J. Pers. 2: 48-61 BIRCH, CD; KELLN, BRC; AQUINO, EPB. A review and case report of pseudologia fantástica (2006); J. Forens Psychiatry Psycol. 17: 299-320 DIKE, CC; BARANOSKI, M; GRIFFITH, EE (2005). “Pathological lying revisited”. The Journal of the American Academy of Psychiatry and the Law 33 (3): 342–9



Psique


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22 de jun. de 2011

CONVERSA COSMO-POÉTICA COM RUMI




Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um, falemos desse outro modo.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.




Não durmas, senta com teus pares.
A escuridão oculta a água da vida.
Não te apresses, vasculha o escuro.
Os viajantes noturnos estão plenos de luz;
não te afastes pois da companhia de teus pares.



Faltam-te pés para viajar? Viaja dentro de ti mesmo, e reflete, como a mina de rubis, os raios de sol para fora de ti. A viagem conduzirá a teu ser, transmutará teu pó em ouro puro.



Sofreste em excesso
por tua ignorância,
carregaste teus trapos
para um lado e para outro,
agora fica aqui.




Na verdade, somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti.
Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo,
Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu.




Oh, dia, levanta! Os átomos dançam,
As almas, loucas de êxtase dançam.
A abóbada celeste, por causa deste Ser, dança,
Ao ouvido te direi aonde a leva sua dança.



Ontem à noite, confidencialmente, eu disse a um velho sábio:
- Não me esconda nada dos segredos do mundo!
Muito docemente, ele me disse ao ouvido:
- Chut! Podemos compreender, mas não exprimir!

Quero fugir a cem léguas da razão,
Quero da presença do bem e do mal me liberar.
Detrás do véu existe tanta beleza: lá está meu ser.
Quero me enamorar de mim mesmo, ó vós que não sabeis!



Eu soube enfim que o amor está ligado a mim.
E eu agarro esta cabeleira de mil tranças.
Embora ontem à noite eu estivesse bêbado da taça,
Hoje, eu sou tal, que a taça se embebeda de mim.

Ele chegou... Chegou aquele que nunca partiu;
Esta água nunca faltou a este riacho
Ele é a substância do almíscar e nós o seu perfume,
Alguma vez se viu o almíscar separado de seu cheiro?

Se busco meu coração, o encontro em teu quintal,
Se busco minha alma, não a vejo a não ser nos cachos de teu cabelo.
Se bebo água, quando estou sedento
Vejo na água o reflexo do teu rosto.

Sou medido, ao medir teu amor.
Sou levado, ao levar teu amor.
Não posso comer de dia nem dormir de noite.
Para ser teu amigo
Tornei-me meu próprio inimigo.

Teu amor me tirou de mim.
De ti, preciso de ti
Noite e dia, eu queimo por ti.
De ti, preciso de ti.

Não posso dormir quando estou contigo
por causa de teu amor.
Não posso dormir quando estou sem ti
por causa de meu pranto e gemidos.
Passo as duas noites acordado
mas, que diferença entre uma e outra!

Não temos nada além do amor.
Não temos antes, princípio nem fim.
A alma grita e geme dentro de nós:
- Louco, é assim o amor.
Colhe-me, colhe-me, colhe-me!




À noite, pedi a um velho sábio
que me contasse todos os segredos do universo.
Ele murmurou lentamente em meu ouvido:
- Isto não se pode dizer, isto se aprende.




A fé da religião do Amor é diferente.
A embriaguez do vinho do Amor é diferente.
Tudo que aprendes na escola é diferente.
Tudo que aprendes do Amor é diferente.
- Vem ao jardim na primavera, disseste.
- Aqui estão todas as belezas, o vinho e a luz.
Que posso fazer com tudo isso sem ti?
E, se estás aqui, para que preciso disso?



Um dos maiores poetas da literatura mundial e místico único, eis as pérolas de Rumi:


''Jalaluddin Rumi - Um homem falando com a sua casa

Eu digo que ninguém nesta caravana está acordado
e que enquanto você dorme, um ladrão está roubando
os sinais e os símbolos que você pensava que
fossem a sua vida.

Agora você está bravo comigo por
te falar isso! Preste atenção naqueles que
ferem seus sentimentos te falando a verdade.
Dar e receber elogios é como
tentar pintar na água, é insubstancial.


Foi assim que um homem falou uma vez com a sua casa,
“Por favor, se algum dia você for desabar,
me avise”. Uma noite sem dizer nenhuma palavra a
casa caiu. “O que aconteceu com nosso acordo?”
A casa respondeu, “Dia e noite estive falando
para você através de rachaduras e tábuas quebradas e
buracos aparecendo como bocas abertas. Mas você
continuou remendando e tampando os buracos com barro, tão
orgulhoso de seu trabalho de pedreiro. Você não escutou”.


Essa casa é o seu corpo sempre
dizendo, “estou partindo, estou indo logo.” Não
se esconda daquele que conhece o segredo. Beba
o vinho do voltar-se perante Deus.

Não examine sua urina. Ao invés,
examine como você louva,
o que que você deseja, este anseio que nos foi dado.

O outono vira amarelo pálido querendo
a primavera, e a primavera chega! As sementes florescem.

Venha para o pomar e veja o que vem a você,
uma conversa silenciosa com a tua alma.''



Jalaluddin Rumi, é o maior místico poeta de todas as tradições religiosas do Amor. Seus poemas elevam a alma na bem aventurança amorosa. Ele tem poemas fantásticos sobre o AMOR em todas as suas formas. O amor erótico, o amor do sentidos, o amor ao outro, o amor espiritual e o amor a Deus. A tradição mística diz que a dimensão mais profunda de nós mesmo é o que denominamos de DEUS. Ele foi contemporâneo de Francisco de Assis, e um não sabia da existência do outro.

Silenciando, escutando e simplesmente sentindo o poeta numinoso Rumi.
Paz Profunda!




Fonte bibliográfica:

1. http://www.sertaodoperi.com.br/poesiasufi/poesia/rumi_colet.htm.

2. Boff Leonardo. Tempo de Transcendência. Editora Sextante, 2000. São Paulo.

3. http://ricardo-yoga.blogspot.com/2009/04/jalal-ad-din-rumi-um-homem-falando-com.html

4. http://ricardo-yoga.blogspot.com/2009/04/jalal-ad-din-rumi-um-homem-falando-com.html

20 de jun. de 2011

GRANDE INVOCAÇÃO



Do ponto de Luz na Mente de Deus

Que flua luz às mentes dos Homens,
Que a luz desça à Terra.

Do ponto de Amor no Coração de Deus
Que flua amor aos corações dos homens,
Que Cristo retorne à Terra.

Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida,
Que o propósito guie as pequenas vontades dos homens,
Propósito que os Mestres conhecem e servem.

Do centro a que chamamos raça dos homens,
Que se realize o Plano de Amor e de Luz
E se feche a porta onde se encontra o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam
O Plano Divino sobre a Terra,
Hoje e por toda a eternidade. Amém
.

Esta é a oração da "CURA UNIVERSAL" e que cada reikiano(a) deve entoar vibrando com o coração puro, evocando os seres de luz para estabelecer o compromisso interno com a sua verdade e força vital projetando assim no mundo externo o potencial da sua alma. Felicidade, harmonia, saúde, abundância e realizações. Esse vídeo falar acerca da cosmovisão, eu achei muito bonito, por isso estou postando pra vocês. Saudações Reikianas.





Fonte da Imagem: http://2.bp.blogspot.com/_78ZmML4pipw/R5PaZzmtlqI/AAAAAAAAAHw/qENZGlPB-RY/S760/thyinyang.gif

Referência : http://2.bp.blogspot.com/_78ZmML4pipw/R5PaZzmtlqI/AAAAAAAAAHw/qENZGlPB-RY/S760/thyinyang.gif

16 de jun. de 2011

SUTRA DO LÓTUS


Em minha própria jornada pessoal eu sempre respeitei todas religiões, eu creio que a maior lição que aprendi é que o universal precisa unir-se ao pessoal a fim de entrelaçarem na nossa vida espiritual. E com essa forma de pensar, recebi muito bem a notícia que meu filho Manuel me deu sobre seu interesse no budismo. Então fomos juntos a uma reunião mensal do Budismo de Nitiren Daishonin. Ao chegarmos, sentamos na frente e iniciou uma meditação do Nam-Myoho-Rengue-Kyo. Resolvemos fechar os olhos, e meditar. Como era fácil memorizar as palavras, fomos cantando junto com os fiés. Durou muito tempo, mas uma sensação de leveza e suavidade aumentava a cada repetição desse mantra. Viver uma vida espiritual genuína implica em receber a simplicidade e beleza de cada religião, como fazem as crianças. Foi uma experiência riquíssima sentir o lótus existencial vibrar n'alma... Me ensinaram o significado e achei muito interessante, segue abaixo, vejamos:

NAM MYOHO RENGUE KYO
NAM - devotar a vida
MYOHO - Lei mística
RENGUE - É a lei de causa e efeito
KYO - Função e influência da vida

Significa: Devoto a minha vida a lei mística. Acreditando na lei de causa e efeito para a transformação do destino. Nitiren Saishonin revelou: Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o NAM MYOHO RENGUE KYO. O discípulo ao fazer esse mantra diariamente limpa as energias do karma negativo, transcendendo-o, e caminhando em direção ao dharma.




Para obter forças para se separar de seu marido agressivo, Tina Turner fez esse mantra 'Nam-Myoho-Rengue-Kyo' diariamente, assim ela se mostra no filme que conta sua história. Em várias partes do filme ela senta para fazer o daimoku entoando o mantra: 'Nam-Myoho-Rengue-Kyo'.




Nesse outro vídeo que encontrei no youtube, também vibram nesse mantra Nam Myoho Renge Kyo, mas recitam toda Sutra do Lotus, é a referida doutrina sobre o "vazio" de Buda, é dito ser um conceito central e parte necessária de iluminação. É que professavam a compreensão e a experiência "vazio" como algo que não pode ser ensinado, é dito que não se pode tentar compreendê-lo com a mente.

Este é o Sutra Lotus memorizado, recitado e cantado por alguns monges budistas ocidentais. O Sutra de Lótus é amplamente considerado o mais sagrado ensinamento do Buda. (vídeo autorizado pelo autor autor Nikko Hansen).

Certa vez, um grande terremoto assolou a cidade de Tókio, e uma família não podia sair da residência porque um familiar mais velho estava muito doente sem poder andar. E decidiram morrer juntos, porque a casa desmoronaria. A velha e sábia empregada da casa, deu as costas fez o daimoku, iniciando o 'Sutra do Lótus' e todos acompanharam-na com uma fervorosa fé. Após o terremoto, eles sairam da casa para ver o estrago, todos edifícios e casas ao seu redor estavam destruídos, apenas aquela casinha ficara em pé. Assim é os efeitos sagrados do 'sutra do lótus'.

Bem, inexiste na internet textos sobre o Budismo de Nitiren, esse texto que estou postando abaixo eu peguei no site BUDA NA WEB, único local onde tem excelentes textos acerca do Budismo de Nitiren Daishonin.
Link
O significado de Nam myoho rengue kyo
Cesinha Chaves

NAM
Nam, contração de Namu, que deriva do sânscrito NAMAS, significa "devotar" ou a relação perfeita da vida da pessoa com a verdade eterna. Ou seja, dedicar a própria vida ou relacionar-se com a verdade eterna da vida. Também significa acumular infinita energia através desta fonte e tomar atitudes positivas aliviando o sofrimento dos outros.

MYOHO
Myoho literalmente significa Lei Mística.
Myo significa "místico", mas elimina qualquer sombra de milagre. É assim chamado porque o mistério da vida é de inimaginável profundidade por tanto está além da compreensão do homem.

Ho significa "lei". A intrínseca natureza da vida é tão mística e profunda, que transcende o âmbito de conhecimento humano. Por exemplo: o ser humano nasce como um bebê, cresce e torna-se um jovem, depois um idoso e por fim morre. Isso é obviamente, uma inquebrável lei regulando cada espécie de vida. Ninguém jamais pode nascer adulto ou escapar desse ciclo, por mais que deseje.

RENGUE
Rengue é a lei de causa e efeito. O budismo esclarece essa lei em todos os fenômenos do universo, e é simbolizada pela Flor de Lótus (Ren, flôr e Gue lótus, em japonês), pois produz a semente (Causa) e a flor (Efeito) simultaneamente. Uma quantidade enorme de todas as causas passadas formam o efeito da condição presente. Ao mesmo tempo, o momento presente é a causa do futuro. Assim, a vida é a continuação dos momentos combinados pela corrente de causa e efeito.

KYO
Finalmente kyo que é a tradução do sânscrito Sutra, significando ensino, o ensinamento do Buda, que é eterno. Também é a função e influência da vida, assim como a transformação do destino, simbolizando a continuidade da vida através do passado presente e futuro.

Saddharma Pundarika Sutra é título original do Sutra de Lótus em Sânscrito
Ele foi traduzido no ano 406 por Kumārajīva recebendo em chines o nome de Myoho-Rengue-Kyo
Onde Sad se torna Myo,
Dharma, vira Ho
Pundarika, que é flor de lotus, vira Rengue
E Sutra, que é ensino passa a ser Kyo.

Nitiren Daishonin nos aponta como o Myoho-rengue-kyo como o ensino que contém o caminho para a iluminação.
Ao colocar "Nam" antes do título do Sutra de Lótus ele cunhou a frase que recitamos diariamente, o Nam-Myoho-Rengue-Kyo, que numa tradução livre seria o algo como: Devotar-se ao Sutra de Lótus, ou Devotar-se à Lei Mística da Causa e Efeito (exposta pelo Buda no Sutra de Lótus ).

O Nam-Myoho-Rengue-Kyo cobre todas as leis, toda a matéria e todas as formas de vida existentes no Universo. em outras palavras, é a vida do Buda que alcançou a suprema Iluminação. Se expandirmos ao espaço ilimitado, é idêntica à vida do Universo, e se condensarmos ao espaço limitado, é igual a vida individual dos seres humanos.

A natureza de Buda está exatamente dentro de cada um de nós. É o Nam-Myoho-Rengue-Kyo. Quando entoamos o Daimoku a natureza de Buda dormente dentro das nossas vidas é convocada. Invocado deste modo, o que desperta é o Buda. Quando um pássaro numa gaiola canta, os pássaros voando no céu vêm para baixo. Quando os outros pássaros se reúnem ao redor, o pássaro engaiolado tentará escapar. Do mesmo modo se recitarmos a Lei Mística, o Nam-Myoho-Rengue-Kyo em voz alta, a natureza de Buda se revela e se alegra e nos acompanha. Se praticarmos corretamente, não haverá beco sem saída na vida. Uma vez que nos baseamos na Lei Mística, podemos definitivamente transformar as nossas vidas para o melhor e ultrapassaremos qualquer impasse. Em qualquer situação, seguir essa lei absoluta com fé absoluta é, na verdade a base da nossa prática.


Nam-Myoho-Rengue-Kyo!

Clica aqui para conhecer o site BUDA NA WEB - (Texto Cesinha Chaves, compilado de matérias de estudo do Bloco Mandala, Barra, RJ)

Gente, espero que tenham gostado dos mantras, eu nunca havia escrito nada acerca de Nitiren Daishonin, e estou feliz para contar-lhes minha excelente experiência. Paz Profunda!


Fonte da Imagem: http://3.bp.blogspot.com/_rpf1z0pqyAc/Sbga4NFE2rI/AAAAAAAAAhg/8oL_KK5Znc0/S1600-R/lotus2.jpg

5 de jun. de 2011

O sabor do Zen



Minagawa Shunzaemon, célebre poeta muito apegado à rima e adepto do zen, ouviu falar num famoso mestre zen, Ikkyu, chefe do templo de Daitoku-ji, situado na região dos campos violeta. Desejando tornar-se seu discípulo, foi visitá-lo. À entrada do templo, entabularam o diálogo.
Ikkyu perguntou:

- Quem és tu?
- Um budista - respondeu Minagawa
- De onde vens?
- Da vossa província...
- Ah!... E que tem acontecido ali nos últimos dias?
- Os corvos crocitam, os pardais chilream.
- E onde crês estar agora?
- Nos campos violeta.
- Por quê?
- As flores, essas glórias da manhã... o áster, o crisântemo, o açafrão...
- E quando murcham?
- É Myiagino (campo decantado pela beleza das flores de outono)
- Que acontece nesses campos?
- Ali flui o rio, varrido pelo vento.
Estupefato ao ouvir tais palavras, que tinham o sabor do zen, Ikkyu levou-o para seu quarto e ofereceu-lhe chá. Em seguida compôs, de improviso, os seguintes versos:

" Um prato delicado eu quisera te dar,
Mas ai de mim, o zen nada pode ofertar..."

Respondeu o visitante:

" O espírito que só pode oferecer-me o nada
é o vazio original
Iguaria delicada entre as mais "

Profundamente comovido, o mestre concluiu:
- Meu filho, aprendeste muito!

É na singeleza, é na simplicidade que Zen flui...  Divino Pai! Dai-me o vazio de presente!  Iguaria cósmica que verterei lágrimas nos olhos  assentads na alma sedenta de luz...

Belíssimo esse conto, e eu semprei admirei a literatura japonesa, poesias, a arte dos haicais, a simplicidade dos lindos contos zen budistas. Esses contos ativam a mente além do sensório visível, numa direção a liberdade. Verdadeiramente ativa a criatividade para realizar a arte de sensibilizar ao conhecimento profundo. Muitas vezes esses contos são impregnados por verdadeiros koans, que se for aprofundado em meditações diárias atua em profundas reflexões, promovendo inúmeras sinalizações para o auto-conhecimento. 

Boa noite aos queridos blogueiros. 
Paz Profunda!