30 de dez. de 2009

A ORAÇÃO É O RESPIRO DA ALMA


"Rezar não é pedir: rezar é o respiro da alma. O alimento não é tão indispensável para o corpo quanto a oração para a alma. Pois o jejum é freqüentemente necessário para que o corpo se mantenha sadio, enquanto que não existe jejum de oração.

É impossível alguém se saciar de oração.

Para viver de amor em meio aos homens, é necessária uma força eficaz, absoluta: a força da oração.

Rezar é ser "um" com Deus". Mahatma Gandhi

É com a oração que criamos o reino pessoal de luz, para um estado expandido de consciência de unidade e, juntos nos tornamos co-criadores de uma nova realidade coletiva iluminada.

O Mahatma Gandhi sempre dizia:

- Foi a oração quem me salvou.

O estado oracional conduz a uma assistência da Hierarquia dos Mestres Ascensos, de Anjos e Seres de Grande Luminosidade. E nesse estado de plenitude nos movemos para dentro das infinitas potencialidades de vibrantes freqüências de luz e de vida, reconhecendo que somos a força co-criativa de vida com o Divino, saindo da fantasia da separatividade, a grande ilusão da dualidade que fortemente vivenciamos nesse planeta terra.


Essa é a jornada para trilhar em direção ao Divino, saciando a fome benévola da oração, despertando a fonte criativa do eu interior conduzindo a energia aos campos mais sutis do Universo, lembrando que a trajetória pessoal é realizar o Reino Divino no plano da matéria.
E canalizar num estado oracional é partir para o despertar da consciência Humana e Divina existente em cada ser sensciente.

São almas perfumadas pelo estado oracional que se transformam em pontes para um caminho de ascensão espiritual, com iniciações deslumbrantes pelos ares da montanha imaginária recebendo as ricas e puras energias de um estado elevado de consciência. Esses mananciais se espalha nos campos de nutrição e proteção pessoal e coletiva.

A oração é o respiro da alma ascensionada, é um acontecimento do coração e que ajuda no re-alinhamento dos campos de forças, e do caminho espiritual.

Quando surge gratidão num coração compassivo, a prece e o estado oracionalconvida a celebrar cada instante da vida. E paulatinamente o estado oracional trás ganhos de sabedoria, criando um novo ‘status’ espiritual e, abre um leque de potencialidades ilimitadas que será expresso pelo amor incondicional. E tudo se faz pleno de alegria, criatividade e beleza manifestando-se em todas as formas de vida.

A união com Deus gerado por uma conversa íntima promove a excelência do diálogo com a sua essência infinita mais bela e mais sábia. Nesse espaço não há separação entre você e Deus e o coração enche-se de amor. O amor é a expressão mais bela da energia Divina, e tem ressonâncias com a serenidade, a bondade, a beleza. Percebemos claramente que o amor desvela-se no ser, quando a oração verdadeira acontece no coração. Toda palavra que sai do coração cheio de amor é uma prece.

E a beleza se faz presente na alma que explode em entendimento espiritual, e forma o novo ser, e coloca-o em seu próprio iluminado lugar nesse planeta. Essa opção pessoal é de tamanha repercussão que vai ajudando ao outro a encontrar a plenitude do estado oracional.

Isso está acontecendo agora, estamos vivendo esse momento de luz e sombra com muita intensidade. Adentramos a Nova Era, em que a compreensão espiritual tem firmado suas bases clarificando propósitos venerandos ajudando na ascensão da Terra para as dimensões superiores. A oração oportuniza a realização de um novo mundo. A Era de Ouro tão esperada por todos desde os tempos imemoriais. E o melhor está disponível a todos, a ninguém é dado a não saber, e todas informações jorram em todos os quatros canto do planeta.

Lembrando ainda outros Mestres que com sua benevolência nos lembra o seguinte:

“Se damos um passo em direção a Deus, ele dá 100 passos em direção a nós”.

A Era Dourada, é um paraíso em potencial ilimitado onde todos os Mestres Ascencionados se juntam para que cada ser humano desperte sua consciência ao estado iluminado de Unidade com Deus, transformando-se em co-criadores do amor, da paz e da abundancia de harmonia na mente e no coração. Quando isto estiver finalmente realizado, o Poder Divino será realizado no planeta terra. Eles estão de prontidão ao serviço planetário, dia e noite para instalação da grande promessa de criar um Novo Céu e uma Nova Terra para os Humanos Divinizados.

Quem sabe se a sua vestimenta dizia o que a sua alma queria refletir, “a grande riqueza dos pobres”, o seu esforço foi apoiado por muitos ao ponto de conseguir o grande triunfo da libertação da Índia pela via da paz.

Aprendamos a orar como Mahatma Gandhi:


Meu Senhor.

Se me dás fortuna, não me tires a razão.

Se me dás êxito, não me tires a humildade.

Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos débeis.

Se me dás humildade, não me tires a dignidade.

Ajuda-me sempre a ver a outra face da medalha, não me deixes culpar de traição a outrem por não pensar como eu.

Ensina-me a querer aos outros como a mi mesmo.
Não me deixes cair no orgulho se triunfo, nem no desespero se fracasso.

Mas antes recorda-me que o fracasso é a experiencia que precede o triunfo.
Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza.

Se me tiras o êxito, deixa-me forças para aprender com o fracasso.
Se eu ofender a alguém, dá-me energia para pedir desculpa e se alguém me ofende, dá-me energia para perdoar.

Senhor, se eu me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim!

Não importa que ideologia ou posição política tenhas, todos queremos Paz.

O que semeamos, colhemos; O que enviamos regressa.

Avante guerreiros de luz!
Feliz Ano Novo.
Muita Paz!


29 de dez. de 2009

SÓ HÁ UM PECADO



"Existe apenas um pecado, um só.

E esse pecado é roubar.

Qualquer outro é simplesmente a variação do roubo.

Quando você mata um homem, está roubando uma vida.

Está roubando da esposa, o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai.

Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade.

Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça [...]"



Fonte:

1. Hosseini Khaled. O Caçador de Pipas. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, RJ. 2005.


28 de dez. de 2009

MEDITAÇÃO SUPER INTERESSANTE


A ciência está descobrindo que a meditação, conhecida e praticada há milhares de anos no Oriente, realmente funciona. Conheça algumas técnicas e entenda por que tanta gente está praticando.


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Na sala vazia e silenciosa, dois monges zen, com seus mantos e cabeças raspadas, estão sentados no chão, lado a lado, pernas cruzadas. Depois de alguns instantes, o mais jovem lança um olhar surpreso e irônico para o mestre. Sereno, o velho monge comenta: "É só isso, mesmo. Não vai acontecer mais nada". Não se trata de uma cena real. É só uma charge publicada na renomada revista americana The New Yorker, brincando com o novo hábito americano de meditar regularmente, como fazem os orientais há milhares de anos.

A fina ironia da charge, no entanto, tem a ver com a realidade. Embora singela, a atitude de sentar sobre uma almofada (ficar em posição de lótus exige um preparo de monge) e ficar atento à própria respiração é tão fora de propósito em nossa rotina atabalhoada que é fácil se identificar com o jovem monge, perplexo e irônico, ao encará-la pela primeira vez. Comigo não foi diferente.

Na primeira vez em que me detive a acompanhar o compasso da respiração, o sentimento inicial foi de surpresa. Espantei-me pela rapidez com que tudo caminhou para a inatividade. O turbilhão de pensamentos que ocupava minha mente (uma conta para pagar, uma cena do filme que vi no dia anterior, uma ótima piada para contar aos amigos) foi desaparecendo sem que eu me desse conta. O incômodo da perna dormente, pressionada pela flexão, logo foi substituído por um inesperado prazer, prazer de simplesmente respirar. Então, de repente, foi como se tudo houvesse parado nos primeiros segundos depois de acordar, aqueles instantes em que você se sente presente e alerta, mas com a cabeça vazia. Enfim, aqueles poucos segundos do dia em que nada acontece.

Foi então que tudo ficou meio irônico: o êxtase, o delicioso estranhamento que entupiu meus sentimentos, acabou em um segundo! E no instante seguinte todos os pensamentos voltaram: a conta, o filme, a piada e mais um monte de coisas. Rindo comigo mesmo, me perguntei – talvez como um jovem monge perplexo e desconfiado – se não haveria algo mais divertido para fazer naquele instante. Mas logo me peguei novamente de olhos fechados.

Quer dizer que meditar é só parar e não pensar em nada? É. Como afirmam os especialistas, é um não-fazer. Mas, acredite, não é fácil. Não para ocidentais como eu e você, acostumados com a idéia de que, para resolver um assunto, o primeiro passo é pensar bastante nele. Na meditação, a idéia é exatamente o oposto: parar de pensar, por mais bizarro que isso pareça.

A novidade é que, mesmo parecendo alienígena, a meditação conquista cada vez mais adeptos no Ocidente. Dez milhões de americanos meditam regularmente em casa e em hospitais, escolas, empresas, aeroportos e até em quiosques de internet. Entre os milhões de meditadores americanos estão celebridades de grosso calibre, como o dirigente da Ford, Bill Ford, e o ex-vice-presidente Al Gore. No Brasil, a exemplo da Hollywood dos anos 90, a meditação entrou para a rotina de estrelas – como a atriz Christiani Torloni e a apresentadora Angélica, que recorreu à prática para livrar-se de uma crise de síndrome do pânico – e virou ferramenta diária de produtividade em empresas e até em alguns círculos do poder. O prefeito de Recife, João Paulo, por exemplo, só inicia o expediente após meditar por alguns minutos.

Mas como é que algo assim, na contramão do pragmatismo moderno, consegue empolgar tanta gente? Como pode haver gente capaz de pagar caro para participar de sessões de meditação – ou seja, para ficar sentado em silêncio em uma sala quase sem móveis?

Sem dúvida há muita gente desiludida com o modo de vida ocidental (a destruição do meio ambiente, a vida cada vez mais solitária das grandes cidades e a competição pelo ganha-pão). Mas esse contingente não é capaz de explicar, sozinho, a explosão da meditação. A verdade é que a ciência resolveu se debruçar sobre os efeitos dessa prática, e as notícias dos laboratórios de pesquisa cada vez convencem mais pessoas a relaxar em posição de lótus.

O principal resultado dessas pesquisas pode ser resumido em duas palavras: meditação funciona. Ou seja, por mais estranho que pareça aos ratos de academia que se esfalfam em exercícios para melhorar a capacidade cardiorrespiratória, não fazer nada por alguns minutos diariamente tem efeitos palpáveis, reais e mensuráveis no corpo. E o melhor: só apareceram efeitos positivos (pelo menos até agora). Ou seja, aquilo que os adeptos da tradicional medicina chinesa e os mestres budistas viviam repetindo (com um sorriso bondoso no rosto) começa a ser comprovado por alguns renomados centros de pesquisa ocidentais, como as universidades Harvard, Columbia, Stanford e Massachusetts, nos Estados Unidos, e pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no Brasil.

É difícil listar as descobertas porque as pesquisas sobre a meditação alcançaram a maioridade recentemente. Mais precisamente no ano 2000, quando o líder do budismo tibetano, o Dalai Lama (sempre ele), encontrou-se com um grupo de psicólogos e neurologistas na Índia e sugeriu que os cientistas estudassem um time de craques em meditação durante o transe, para ver o que ocorria com seus corpos. Os cientistas abraçaram o desafio e, desde então, as pesquisas não param de produzir surpresas. Já se sabe, por exemplo, que meditar afeta, de fato, as ondas cerebrais. Sabe-se também que isso tem efeitos positivos sobre o sistema imunológico, reduz a tensão e alivia a dor. "Três décadas de pesquisas mostraram que a meditação é um bom antídoto ao estresse", diz o jornalista e psicólogo americano Daniel Goleman, autor dos livros Inteligência Emocional e Como Lidar com as Emoções Destrutivas, este o relato do encontro dos cientistas com o Dalai Lama. "Agora, o que está mira dos pesquisadores é saber como a meditação pode treinar a mente e reformatar o cérebro", afirma Daniel.

A piada dos dois monges, lá no início desta reportagem, não é gratuita. Afinal, faz séculos que se pratica meditação no Oriente, por recomendação religiosa (veja abaixo o quadro sobre as meditações religiosas). O detalhe é que agora a orientação também é médica. Nos anos 70, quando a prática começou a se espalhar pelo Ocidente, impulsionada pelo movimento hippie, o cantor e compositor brasileiro Walter Franco cantava que tudo era uma questão de "manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo". Hoje, os versos de Walter poderiam fazer parte de uma receita médica, de um treinamento em uma grande empresa ou até mesmo de um programa para a recuperação de presos.

."Focalizar a atenção no mundo interior, como se faz na meditação, é uma situação terapêutica", diz o psicólogo José Roberto Leite, coordenador do instituto de medicina comportamental da Unifesp. "Queremos avaliar o alcance dessa prática e isolá-la de seu aspecto supersticioso." Por trás dessa intenção está o fato de que as causas de doenças mudaram muito nos últimos 100 anos. No passado, os males eram causados principalmente por microorganismos. As pessoas morriam de poliomielite, de sarampo, de varíola e outras doenças causadas por bactérias e vírus. Mas isso mudou, graças às melhorias em saneamento e à criação de antibióticos e vacinas. "Hoje, a maioria das doenças é causada por coisas como hipertensão, obesidade e dependência química, que estão ligadas a padrões inadequados de comportamento", diz José Roberto. Ou seja, o que mata hoje são os maus hábitos.

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E são esses maus hábitos que se pretende combater pela meditação, também conhecida pelo pomposo nome de "prática contemplativa". Apaziguar a mente, os cientistas estão descobrindo agora, pode reduzir o nível de ansiedade e corrigir comportamentos pouco saudáveis. O cardiologista Herbert Benson, da Universidade Harvard, um dos maiores pesquisadores da meditação e do poder das crenças na promoção da saúde, chega a estimar em seu livro Medicina Espiritual que 60% das consultas médicas poderiam ser evitadas se as pessoas apenas usassem a mente para combater as tensões causadoras de complicações físicas.

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Mas, afinal, como é que se medita e o que acontece durante a prática contemplativa? Bem, há um leque de modalidades para quem deseja meditar, mas a receita básica é a mesma: concentração. Vale concentrar-se na respiração, uma imagem (um ponto ou uma imagem de santo), um som ou na repetição de uma palavra (o famoso mantra, como "ohmmm", por exemplo). Parar de pensar equivale a ficar quase que exclusivamente no presente. Faz sentido. Os pensamentos são feitos basicamente de duas substâncias: as idéias e experiências que ouvimos, vivemos ou aprendemos no passado e os planos e apreensões que temos para o futuro. É naqueles raros momentos em que o meditador consegue livrar-se desses ruídos que surgem os sentimentos comuns nas descrições de iogues famosos: sensação de estar ligado com o Universo ou ter uma superconsciência do mundo. Meditar é, portanto, concentrar-se em cada vez menos coisas, inibindo os sentidos e esvaziando a mente. Tudo isso sem perder o estado de alerta, ou seja, sem dormir.

.Mas como saber se deu certo? Como saber se você meditou? Essa é a melhor parte da história: não há nota ou avaliação. A não ser que você medite plugado em um aparelho de eletroencefalograma para saber se suas ondas cerebrais se alteraram. Como isso é pouco prático, a melhor medida para seu desempenho é você mesmo. Só você pode dizer o que sentiu e se foi bom.

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BIOLOGIA DO ZEN
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Os efeitos da meditação sobre o corpo são surpreendentes. Nos primeiros estudos sobre a meditação, na década de 60, o cardiologista Benson, de Harvard, e outros pesquisadores submeteram meditadores a experimentos nos quais a pressão arterial, os ritmos cerebrais e cardíacos e mesmo a temperatura da pele e do reto eram monitorados. Constatou-se então que, enquanto meditavam, eles consumiam 17% menos oxigênio e seu ritmo cardíaco caía para incríveis três batimentos por minuto (a média para pessoas em repouso é de 60 b.p.m.). Isso acontecia quando as ondas cerebrais alcançavam o ritmo teta, mais lento e poderoso, no qual a mente atingiria o estado de "superconsciência" relatado pelos iogues e caracterizado por insights e alegria.

As ondas teta vibram a apenas quatro ciclos por segundo. Para se ter uma idéia, quando estamos ativos o cérebro emite ondas beta, de oscilação em torno de 13 ciclos por segundo. Você conhece essa sensação causada pelas ondas teta. É aquele embotamento dos sentidos que surge nos segundos que antecedem o sono. Naquele momento, nosso cérebro funciona no ritmo teta. Mas os meditadores pesquisados não estavam dormindo. Ao contrário, estavam bem acordados e serenos.

Mais tarde, percebeu-se também que no momento da meditação o fluxo sanguíneo diminuía em quase todas as áreas cerebrais, mas aumentava na região do sistema límbico, o chamado "cérebro emocional", responsável pelas emoções, a memória e os ritmos do coração, da respiração e do metabolismo. O cardiologista Benson, que escreveu um clássico sobre o tema nos anos 90 – A Resposta do Relaxamento – , tomou emprestado um pouco da humildade oriental e disse que seu trabalho se resumiu a explicar biologicamente técnicas conhecidas há milênios.

Desde então, uma série de novas pesquisas, respaldadas em imagens da intimidade neurológica feitas por tomógrafos sofisticados que retratam o cérebro em funcionamento, levantou o véu sobre outros segredos. Um dos estudos mais abrangentes e reveladores foi realizado por Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A idéia era registrar o que ocorre com o cérebro quando se alcança o clímax em práticas místicas como a meditação e a oração. Newberg rastreou a atividade cerebral de um grupo de budistas em meditação profunda e de um grupo de freiras franciscanas rezando fervorosamente.

Ele constatou uma significativa alteração no lobo parietal superior, localizado na parte anterior do cérebro e responsável pelo senso de orientação – a capacidade de percepção do espaço e do tempo e da própria individualidade. Segundo as descobertas de Newberg, à medida que a contemplação se torna mais profunda, a atividade na região diminui aos poucos até cessar totalmente no momento de pico, aquele em que o meditador experimenta a sensação de unicidade com o Universo, cerca de uma hora após o início da concentração. Nesse instante, privados de impulsos elétricos, os neurônios do lobo parietal desligam os mecanismos das funções visuais e motoras e o meditador ou devoto perde a noção do "eu" e sente-se prazerosamente expandido, além de qualquer limite. É o nirvana. Ou seja, Newberg registrou em seus aparelhos a imagem de um cérebro literalmente no paraíso.

Mas não é só isso. As imagens revelaram que, durante a experiência, os lobos temporais (sede das emoções no cérebro) tiveram sua atividade redobrada, o que explicaria a enorme influência da meditação sobre as emoções e a personalidade dos praticantes. Newberg não teve dúvida em sua conclusão: as sensações de elevação e contato com o divino vivenciadas por budistas e freiras são um fenômeno real, baseado em fatos biológicos.

Mas há quem veja tudo isso com uma certa desconfiança. "Ao que parece, estamos diante de um fenômeno de marketing", disse Richard Sloan, psicólogo do Centro Médico Presbiteriano de Columbia, em Nova York, comentando o encontro do Dalai com os cientistas, há três anos. Segundo Richard, é discutível se o impacto da meditação sobre o sistema nervoso e a saúde tem um efeito profundo e duradouro ou apenas superficial e efêmero. Então, está na hora de conferir o que os estudos dizem a respeito.

MENTE QUIETA, CORPO SAUDÁVEL

A meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor? Ao que tudo indica, sim. Nessas duas áreas os cientistas encontraram as maiores evidências da ação terapêutica da meditação, medida em dezenas de pesquisas. Nos últimos 24 anos, só a Clínica de Redução do Estresse da Universidade de Massachusetts monitorou 14 mil portadores de câncer, aids, dor crônica e complicações gástricas. Os técnicos descobriram que, submetidos a sessões de meditação que alteraram o foco de sua atenção, os pacientes reduziram o nível de ansiedade e diminuíram ou abandonaram o uso de analgésicos. Ou seja, eles aprenderam a entender a dor, em vez de combatê-la. Com isso, deixaram de antecipá-la ou amplificá-la por meio do medo de vir a senti-la. Sim, porque boa parte da sensação dolorosa é psicológica, fabricada pelo medo da dor. Resultado: as queixas de dor, segundo o diretor da clínica, Jon Kabat-Zinn, diminuíram, em média, 40%.

No hospital da Unifesp, em São Paulo, a meditação é indicada para pacientes com fibromialgia (dores nos músculos e articulações), fobias e compulsões. Ali, estudo recente dirigido pela doutora em biologia Elisa Harumi Kozasa atestou a melhoria da agilidade mental e motora em ansiosos e deprimidos que, durante três meses, meditaram sob a orientação de instrutores indianos. Outra pesquisa, coordenada pelas psicólogas Márcia Marchiori e Elaine de Siqueira Sales, deve comparar nos próximos meses os efeitos terapêuticos da meditação com os das técnicas de relaxamento físico.

O desempenho antiestresse da meditação, segundo estudos das universidades americanas Stanford e Columbia, acontece porque a mente aquietada inibe a produção de adrenalina e cortisol – hormônios secretados nas situações de estresse – , ao mesmo tempo que estimula no cérebro a produção de endorfinas, um tranqüilizante e analgésico natural tão poderoso quanto a morfina e responsável pela sensação de leveza nos momentos de alegria.

Já parece motivo suficiente para render-se aos mantras, mas tem mais. Investigações realizadas na Universidade Wisconsin, nos Estados Unidos, acrescentaram que meditar também melhora a ação do sistema imunológico, que defende o organismo contra o ataque de microorganismos (bactérias, vírus e outros germes). A experiência comparou dois grupos de voluntários – um constituído de pessoas que meditavam havia alguns meses e o outro de não-meditadores. Primeiro constatou-se que os meditadores tiveram um aumento na atividade da área cerebral relacionada às emoções positivas. Então, ambos os grupos foram vacinados contra gripe e submetidos a medições quatro semanas e oito semanas depois. O pessoal habituado a entoar mantras apresentou um número bem maior de anticorpos, o que sugere que seus sistemas de defesa estavam mais ativos.

Em abril passado, durante um encontro da Associação Americana de Urologia, anunciou-se que a meditação ajuda a conter o câncer da próstata. E alguns pesquisadores relataram que mulheres com câncer de mama que passaram a meditar tiveram elevação no nível de células imunológicas que combatem tumores. Mas essas descobertas estão longe de alcançar a unanimidade entre os cientistas. O psiquiatra americano Stephen Barret, um dos principais críticos às terapias alternativas nos Estados Unidos, desconfia desses resultados. "Meditar pode aliviar o estresse, mas sua ação nunca irá além disso no tratamento de doenças graves, como o câncer." Mesmo um entusiasta da técnica, como Herbert Benson, não descarta os tratamentos ocidentais tradicionais. Para ele, a saúde e a longevidade no mundo moderno serão, cada vez mais, resultado de um tripé formado por remédios, cirurgias e cuidados pessoais, incluindo-se aqui a meditação e todo o poder catalisador das crenças nas reações orgânicas.

O CÉREBRO REPROGRAMADO

Mas ainda há muita coisa para ser descoberta sobre o mantra e os pesquisadores estão debruçados sobre os meditadores, tentando entender como é que um ato tão simples causa tantas modificações. Estudos como o de Wisconsin, que ligam disciplina mental a emoções positivas e ao bom desempenho do sistema imunológico, atiçam o interesse dos cientistas em avaliar o real poder da meditação na reformatação das funções cerebrais. E o que eles estão descobrindo é que, com suficiente prática, os neurônios podem reprogramar a atividade dos lobos cerebrais, especialmente a área relacionada à concentração e à orientação.

Não dá para negar que, sobre concentração, o Dalai Lama e os orientais, com sua atenção aos detalhes e sua atenção extrema, têm muito a ensinar aos ocidentais. "Só há pouco a psiquiatria ocidental reconheceu a existência do transtorno do déficit de atenção (uma síndrome caracterizada pela dificuldade de concentração, baixa tolerância à frustração e impulsividade), mas há milhares de anos tradições como o budismo afirmam que todos sofremos desse distúrbio com mais ou menos intensidade", diz o psiquiatra Roger Walsh, da Universidade da Califórnia em Irvine.

A possibilidade de alterar em profundidade o cérebro, apenas meditando, talvez possa no futuro ajudar a prevenir ou a superar complicações vasculares a custo bem mais baixo que o das cirurgias. Ou a romper condicionamentos e redirecionar as mentes de indivíduos anti-sociais – o que, aliás, vem sendo testado com relativo êxito. Numa experiência na Kings County North Rehabilitation Facility, penitenciária próxima a Seattle, nos Estados Unidos, um grupo de prisioneiros condenados por crimes relacionados ao consumo de droga e álcool praticou vippassana (meditação budista com foco inicial na respiração, seguida de análise existencial) 11 horas por dia durante dez dias. Após voltarem para casa, apenas 56% deles reincidiram na criminalidade no prazo de dois anos, um índice considerado bom comparado aos 75% de reincidência entre os que não meditaram.

Já na Universidade Cambridge, nos Estados Unidos, um estudo constatou a redução de até 50% nas recaídas de pacientes com depressão crônica que passaram a meditar regularmente. A doença é acompanhada por uma diminuição no nível do serotonina no cérebro, processo geralmente revertido com o uso de antidepressivos, como Prozac. A meditação aumenta a produção desse neurotransmissor, funcionando como um antidepressivo natural. Em Cotia, em São Paulo, um programa de meditação para crianças carentes, conduzido pela monja Sinceridade no Templo Zu Lai (sede da primeira universidade budista do país), tem resultado em mudanças no comportamento de 128 meninos de favelas. "Eles melhoraram significativamente a concentração. E a convivência social com eles tornou-se mais tranqüila", diz ela.

FAST FOOD MENTAL?

Toda essa popularidade, porém, não permite afirmar que a meditação continuará mantendo alguma identidade com a prática ancestral do Oriente. Além de sua gradual transformação em técnica laica, ocorre neste momento uma rápida adaptação do modo de usá-la ao estilo de vida ocidental.

Em vez de contemplações que duram uma eternidade (você aí teria pique para ficar quatro horas sentado no chão, imóvel, como faz diariamente o Dalai Lama?), tornou-se padrão a meditação de 20 minutos duas vezes ao dia. Ainda assim, isso parece exigir uma boa dose de sacrifício de inquietos habitantes de metrópoles como Nova York e São Paulo. No próximo ano, o autor Victor Davich lançará nos Estados Unidos o livro Eight Minutes that Will Change your Life ("Oito Minutos que Mudarão sua Vida") no qual defenderá um tipo de meditação "fast food" de não mais que oito minutos. Segundo ele, esse é o tempo que os americanos estão acostumados a se concentrar diariamente: os blocos de programas de TV duram exatamente isso, entre um comercial e outro. Da mesma forma, os mantras sonoros em sânscrito das meditações místicas foram substituídos por mantras mentais, baseados em palavras escolhidas ao acaso.

Tais ajustes são vistos com reservas por iogues, praticantes tradicionalistas e até instrutores mais liberais, como a americana Susan Andrews, para quem é saudável tirar a meditação "das nuvens do esoterismo" e aproximá-la da ciência. "Relaxamento e pensamento positivo são efeitos colaterais da meditação, não sua meta", diz Susan. "O grande alvo é atingir a hiperconsciência, o samadhi, aquele estado de plenitude, iluminação e êxtase indescritível." A questão é que para chegar lá o meditador precisa deixar de lado a idéia de que meditar não implica qualquer esforço, cuidando de manter a concentração firme e afinada por pelo menos uma hora. E isso, admitamos, é algo que também exige um preparo de monge.

PASSO A PASSO

Há vários maneiras de meditar, mas a regra básica é a mesma: atenção

Sentado

No chão ou em uma cadeira, mantenha a coluna ereta e concentre-se nos movimentos da respiração, observando a entrada e a saída do ar pelas narinas. Se preferir, concentre-se num mantra, que pode ser qualquer palavra, uma frase ou apenas um murmúrio. Repita seu mantra a cada expiração. Fechar os olhos pode ajudar. Se ficar de olhos abertos, concentre o olhar em um ponto.

Em pé

Posicione-se junto a uma fileira de árvores e tente se sentir como uma delas. Concentre-se na respiração e imagine seus pés desenvolvendo raízes no chão.

Caminhando

É uma boa saída para quem, por algum motivo, não consegue ficar imóvel. O segredo é focar as pisadas, vendo-as como um todo ou como segmentos do movimento, que pode ser lento ou acelerado. Melhor caminhar em círculo, sem a expectativa de um ponto de chegada.

Visualização

Crie uma imagem significativa para você – pode ser um símbolo religioso ou uma paisagem – e concentre-se nela.

ENTRE O CÉU E OS NEURÔNIOS

Meditação não é coisa só de budistas. Várias religiões têm sua versão dessa prática

Hinduísmo

Textos sagrados do período védico, entre 2000 e 3000 a.C., fazem referências a mantras e contemplações. A meditação é uma das principais práticas do conjunto de escolas religiosas da Índia conhecido como hinduísmo.

Budismo

Foi meditando debaixo de uma figueira que o príncipe Sidarta Gautama alcançou a iluminação, por volta de 588 a.C., tornando-se o Buda. Prática fundamental no budismo, a meditação é vista, sobretudo, como um método de examinar a realidade pessoal e eliminar condicionamentos.

Cristianismo

Os chamados padres do deserto, da região de Alexandria, no Egito, é que consolidaram a meditação como hábito cristão no século 4. A prática, disseminada nos monastérios, desde o século passado vem sendo adotada por cristãos leigos.

Judaísmo

Os praticantes da Cabala, tradição esotérica judaica, difundiram a meditação entre seus adeptos na Europa, por volta do ano 1000, como uma forma de entrar em comunhão com Deus.

Islamismo

Também por volta do ano 1000, os sufis, que constituem o segmento místico dos muçulmanos, incorporaram a meditação aos seus rituais, os quais incluem o êxtase místico por meio da dança.

Independentes

Em 1967, um encontro dos Beatles com o guru Maharishi Mahesh Yogi iniciou a expansão da meditação transcendental no Ocidente e o florescimento de uma infinidade de gurus e técnicas meditativas que, desde então, atraem adeptos em toda parte.

Fonte: Revista Super interessante – edição 193 - out 2003

27 de dez. de 2009

OS SIGNIFICADOS DO VAZIO



1. O vazio nada obstrui. O vazio tudo permeia em todos os lugares, mas nada obstrui, em nenhum lugar.


2. O vazio tudo permeia. Pode ser encontrado em todas as coisas.


3. O vazio é o mesmo em tudo. Não tem preferência por lugares ou coisas em detrimento de outros lugares e coisas.


4. O vazio é imenso, não tem começo, nem fim, nem limitações.


5. O vazio não tem forma. Não tem face ou forma em nenhum lugar.


6. O vazio é puro. Não tem impureza ou mácula.


7. O vazio é imóvel. É imutável e existe além da vida e da morte.


8. O vazio é uma negação absoluta, a negação absoluta de todas as coisas formadas e limitadas. Em última instância, todas elas se dissolvem no vazio.


9. O vazio é vazio. Nega a sua natureza e destrói todos os apegos a ela.


10. O vazio é incoercível. Não pode ser contido, reprimido ou controlado por nada.



Buda veio ao mundo com a missão de se iluminar e se tornar um exemplo a ser seguido. Para a prática budista é necessário matar a mente impura por meio da meditação. Pode-se escolher a mente impura ou a iluminação.


'Buda' - O Mito e a Realidade é um livro que pretendia ser apenas textos para bem divulgar o budismo, mas trás filigranas belíssimas do budismo, como esse texto acima, sobre os significados do vazio.


O VAZIO na tradição zen budista ganha centralidade, só pode ser entendido por meio da meditação e esforço pessoal.

Pode-se afirmar a presença do Mistério no ser humano, a medida em que se amplia o seu vazio.

NADA QUERER, NADA SABER E NADA TER.

O zen budismo exclui a possibilidade de se alcançar o mistério mediante conceitos, mediante o entulhar de conhecimentos, e práticas exteriores.

Apenas a trilha pessoal e a experiência vivida por intermédio da meditação mais simples possível pode levar a apostasia do vazio.


Uma afirmação zen budista diz o seguinte:

"MELHOR VER A FACE DO QUE OUVIR O NOME".


A experiência do SUNYATA - VAZIO não pode ser repassado, porque é uma experiência pessoal e intransferível, não pode ser conceituado porque inexiste palavras para expressá-lo.


"O Vazio Universal é olho e o tesouro da verdadeira Lei e a serena mente do Nivarna".

O Mistério é inefável, é indizível...

E somente a experiência pessoal pode sentí-lo.

É o silêncio de tudo... de tudo...

Sentir... nada mais... nada menos...

Sentir...



Você sabe compreender o VAZIO Universal?

Você pode sentir o vazio pessoal?

Meditem e tenha boas reflexões!

Paz Profunda


Fonte:

1. Heródoto Barbeiro. O Mito e a Realidade. Madras Editora, edição 2005

SP.

2. Buda Buda Yün, da escola Budista Tch'an.

3. A imagem é de um Jardim Zen.