31 de ago. de 2009

INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL



No livro QS - Inteligência Espiritual, lançado no ano passado, a física e filósofa americana Danah Zohar aborda um tema tão novo quanto polêmico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que aumenta os horizontes das pessoas, torna-as mais criativas e se manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a vida. Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em pesquisas só há pouco divulgadas de cientistas de várias partes do mundo que descobriram o que está sendo chamado "Ponto de Deus" no cérebro, uma área que seria responsável pelas experiências espirituais das pessoas. O assunto é tão atual que foi abordado em recentes reportagens de capa pelas revistas americanas Neewsweek e Fortune. Afirma Dana: "A inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos em uma cultura espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente espiritual".
Aos 57 anos, Dana vive na Inglaterra com o marido, o psiquiatra Ian Marshall, co-autor do livro, e com dois filhos adolescentes. Formada em física pela Universidade Harvard, com pós-graduação no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), ela atualmente leciona na universidade inglesa de Oxford. É autora de outros oito livros, entre eles, O Ser Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para o português. QS - Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas, incluindo o português (no Brasil, pela Record). Dana tem sido procurada por grandes companhias interessadas em desenvolver o quociente espiritual de seus funcionários e dar mais sentido ao seu trabalho. Ela falou a EXAME em Porto Alegre durante o 300 Congresso Mundial de Treinamento e Desenvolvimento da International Federation of Training and Development Organization (IFTDO), organização fundada na Suíça, em 1971, que representa 1 milhão de especialistas em treinamento em todo o mundo. Eis os principais trechos da entrevista:

O que é inteligência espiritual?
É uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto quociente espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal. O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas ações.

Há quanto tempo a senhora trabalha com inteligência espiritual?
Toda a minha vida, praticamente, já que perdi a fé na religião (cristianismo) aos 11 anos de idade e sempre procurei um meio de encontrar realização espiritual fora dos domínios da religião. Meu trabalho mais recente sobre QS tem quatro anos e foi produzido ao mesmo tempo em que cientistas começaram a divulgar pesquisas que mostram uma base neurológica para as experiências espirituais e místicas.

De que modo essas pesquisas confirmam suas idéias sobre a terceira inteligência?
Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experiência espiritual. Tudo que influencia a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou inteligência espiritual.

Qual a diferença entre QE e QS?
É o poder transformador. A inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação. A inteligência espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação. Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso. A espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade.

Por que somente agora o mundo corporativo se preocupa com isso?
O mundo dos negócios atravessa uma crise de sustentabilidade. Suas atitudes e práticas atuais, centradas apenas em dinheiro, estão devastando o meio ambiente, consumindo recursos finitos, criando desigualdade global, conduzindo a uma crise de liderança nas empresas e destruindo a saúde e o moral das pessoas que trabalham ou cujas vidas são afetadas por elas. Espiritualidade nos negócios significa simplesmente trabalhar com um sentido mais profundo de significado e propósito na comunidade e no mundo, tendo uma perspectiva mais ampla, inspirando seus funcionários. Nós não sabemos mais o que é realmente a vida. Não sabemos qual é o jogo que jogamos nem quais são as regras. Falta-nos um sentido profundo de objetivos e valores fundamentais. Essa crise de significado é a causa principal do estresse na vida moderna e também das doenças. A busca de sentido é a principal motivação do homem. Quando essa necessidade deixa de ser satisfeita, a vida nos parece vazia. No mundo moderno, a maioria das pessoas não está atendendo a essa necessidade.

Como se pode detectar os sintomas dessa crise na vida corporativa?
Desde o surgimento do capitalismo, há 200 anos, tudo que importa no mundo dos negócios é o lucro imediato. Isso criou uma cultura corporativa destituída de significado e de valores mais profundos. Nós apenas queremos mais dinheiro. Mas para quê? Para quem? Trabalhamos para consumir. É uma vida sem sentido. Isso afeta o moral, tanto dos dirigentes quanto dos empregados, sua produtividade e criatividade. E também afasta dos negócios preocupações mais amplas com o meio ambiente, a comunidade, o planeta e a sustentabilidade. O mundo corporativo é um monstro que se autodestrói porque lhe falta uma estrutura mais ampla de significado, valores e propósitos fundamentais. Há uma profunda relação entre a crise da sociedade moderna e o baixo desenvolvimento da nossa inteligência espiritual.

Quais companhias a têm chamado para desenvolver trabalhos que busquem elevar o quociente espiritual de dirigentes e empregados?
Não posso citar seus nomes, mas tenho atendido a bancos, financeiras, empresas de telecomunicações, de petróleo e montadoras de automóveis. Trabalhamos juntos para adquirir a compreensão de que as atitudes e práticas existentes são insustentáveis e como as empresas podem desenvolver tanto a sustentabilidade como os serviços cultivando as dez qualidades do quociente espiritual.

A senhora poderia citar exemplos de companhias ou empresários que estejam buscando mais sentido em seu trabalho?
Há muitos exemplos. Mats Lederhausen, o vice-presidente de estratégia global do McDonald's, é um deles. Sua função na empresa é ser a voz de protesto e consciência, sacudindo as pessoas, agitando o barco. Ele iniciou projetos como a distribuição gratuita de vacinas antipólio na África, a luta contra plantações geneticamente modificadas, o uso de gaiolas maiores para galinhas e um trabalho para restaurar ecossistemas danificados.
Outro exemplo é a Amul, empresa da Índia que distribui para o Estado de Gujarat o leite de 10 000 cooperativas. A Amul compra todos os dias o leite de camponeses que possuem apenas uma vaca, permitindo que indivíduos pobres possam competir com grandes fazendeiros. O Banco de Desenvolvimento da Ásia se dedica à erradicação da pobreza com programas de micro-crédito para pessoas muito pobres.
A British Petroleum adotou um novo slogan, "Além do Petróleo", e está colocando o grosso de seus fundos de pesquisa no desenvolvimento de tecnologias energéticas alternativas, menos agressivas ao meio ambiente. John Browne, o CEO da companhia, conseguiu aumentar o valor das ações enfatizando relações de longo prazo entre sua empresa e a sociedade.

Como é o líder espiritualmente inteligente?
É um líder inspirado pelo desejo de servir, uma pessoa responsável por trazer visão e valores mais altos aos demais e por lhes mostrar como usá-los. É uma pessoa que inspira as outras. Gente como o Dalai Lama, Nelson Mandela, Mahatma Gandhi. No mundo dos negócios, Richard Branson, da Virgin, é um líder espiritualmente inteligente. Ele está muito preocupado com o meio ambiente e a comunidade. É muito espontâneo, tem visão e valores, tem perspectivas amplas.
Como se pode desenvolver a inteligência espiritual?
Tomando consciência das dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes e trabalhando para desenvolvê-las. Procurando mais o porquê e as conexões entre as coisas, trazendo para a superfície as suposições que fazemos sobre o sentido delas, tornando-nos mais reflexivos, assumindo responsabilidades, sendo honestos conosco mesmos e mais corajosos. Tornado-nos conscientes de onde estamos, quais são nossas motivações mais profundas. Identificando e eliminando obstáculos. Examinando as numerosas possibilidades, comprometendo-nos com um caminho e permanecendo conscientes de que são muitos os caminhos.

De que forma as pessoas espiritualmente inteligentes podem beneficiar as corporações?
As pessoas com QS elevado querem sempre fazer mais do que se espera delas. Algo para além da empresa. Quem trabalha unicamente por dinheiro não faz o melhor que pode. Nas empresas em que se busca desenvolver espiritualmente os funcionários, a produtividade aumenta porque eles ficam mais motivados, mais criativos e menos estressados. As pessoas dão tudo de si quando se procura um objetivo mais elevado. Se as organizações derem espaço para as pessoas fazerem algo mais, se souberem desenvolver em cada indivíduo sua inteligência espiritual, terão mais resultados e mais rapidamente.

A senhora diz que o capitalismo como se conhece hoje está com os dias contados, mas que um novo capitalismo está nascendo. Como ficam as empresas com essa nova perspectiva?
Está surgindo um novo tipo de empresa. É uma empresa responsável. No novo capitalismo sobreviverão as companhias que têm visão de longo prazo, que se preocupam com o planeta, em desenvolver as pessoas que nelas trabalham. Que se preocupam, sim, com o lucro, mas que querem ganhar dinheiro para desenvolver as comunidades em que atuam, proteger o meio ambiente, propagar educação e saúde.

Você é espiritualmente Inteligente?
Conheça as dez qualidades essenciais de quem chegou lá

No início do século 20, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções. A ciência começa o novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios. Dana Zohar identificou dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segundo ela, essas pessoas:

1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo
2. São levadas por valores. São idealistas
3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade
4. São holísticas
5. Celebram a diversidade
6. Têm independência
7. Perguntam sempre "por quê?"
8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo
9. Têm espontaneidade
10. Têm compaixão





São dois livros muito interessantes, o "QS" lançado em 2000, onde apresenta as últimas descobertas de pesquisas científicas que comprovam a existência e a importância do quociente e da inteligência espiritual, de autoria desta física e filósofa norte-americana Danah Zohar, com parceria do psiquiatra Ian Marshal.

Outro livro muito interessante de Danah, "O Ser Quântico", baseado na nova física.

Fonte: REVISTA EXAME, 27.07.2001.

30 de ago. de 2009

O MOVIMENTO YIN E YANG


Este diagrama apresenta uma disposição simétrica do YIN sombrio e do YAN claro. A simetria, contudo não é estática. É uma simetria rotacional que sugere, de forma eloquente, um contínuo movimento cíclico. Os dois pontos do diagrama simbolizam a idéia de que toda vez que cada uma das forças atinge seu ponto extremo, manifesta dentro de si a semente do oposto.

Podemos citar como exemplos da polaridade de Yang e Yin na natureza:

  • O céu forma-se pela acumulação de Yang. A terra por acumulação de Yin;
  • Yin está sempre calmo. Yang sempre agitado;
  • Yang se transforma em energia. Yin para criar vida natural.
  • O sol e as estrelas são Yang. A lua e os planetas são Yin.


Tao: Yin e Yang

Podemos apresentar alguns dos diversos aspectos antagônicos de Yang e Yin, (pois dentro de si tem a semente do oposto) conforme as obras de Mann, Oshawa, Beau e Worsley.

Yang - Yin
Sol - Lua
Quente - Frio
Macho - Fêmea
Ativo - Passivo
Duro - Mole
Número Ímpar - Número par
Primavera e verão - Outono e primavera
Luz - Escuridão
Leve - Pesado
Sistema Nervoso Simpático - Sistema Nervoso Parassimpático
Fogo - Água
Costas - Abdomen
Febril - Frio
Agudo - Crônico
Centrípeto - Centrífugo
Vermelho - Roxo
Salgado - Amargo
ALGUNS PRINCÍPIOS E TEOREMAS SOBRE YIN E YANG
  • Todas as coisas são diferentes manifestações da unidade infinita.
  • Nada é estático, tudo muda;
  • Todos os antagônicos são complementares;
  • Não há dois entes iguais;
  • Tudo que tem verso, tem reverso;
  • Tudo que tem começo, tem fim;
  • Quanto maior o verso, maior o reverso;
  • Yin e Yang surgem continuamente da pura expansão infinita;
  • Yin e Yang produzem energia;
  • Yin atrai Yang e vice-versa;
  • Yin repele Yin. Yang repele Yang;
  • A força de atração e repulsão entre as coisas é diretamente proporcional à diferença de seus componentes Yin e Yang;
  • Todo fenômeno é produzido por Yin e Yang em combinações, em variadas proporções;
  • Nada é exclusivamente Yin e Yang, tudo encerra polaridade;
  • No extremo, Yin produz Yang e Yang produz Yin.



29 de ago. de 2009

YIN E YANG


"O TAO produz o Um. Sendo o Um manifesto produz o Dois. Existindo o Dois, aparecem os contrários. Estes entram para a existência, ao produzir-se o Três".
Lao Tsê
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O “VAZIO ORIGINAL” na cosmologia tradicional chinesa , dá origem ao Tai Chi, que se diferencia em Yin Yang, que dão origem à relação dos cinco elementos, que geram as dez mil coisas (dez mil têm para os chineses o sentido de infinidade).
Assim, no princípio do Universo havia uma única força primordial. O “TAO” que produz o Um. Sendo o Um manifesto produz o Dois. Existindo o Dois, aparecem os contrários. Estes entram para a existência, ao produzir-se o “Três".
Esta força única, originou a primeira dualidade ou seja o YIN e YANG , as aspectos solar e lunar e daí várias polarizações foram ocorrendo então. O sol e a lua vieram a gerar a luz e a escuridão; o calor e o frio; a atividade e a sonolência. E todos os seres vivos passaram a necessitar tanto de um quanto do outro para sobreviverem. A Lei da Polaridade segue o princípio físico da Terceira Lei de Newton, ou seja: a toda ação corresponde uma reação. Assim sendo , a relação entre os elementos da natureza acaba não sendo ocasional.
YIN e YANG é a base da filosofia e metafísica da cultura chinesa, representação da dualidade, e em chinês este conhecido símbolo que representa a integração de Yin e Yang é denominado como "Diagrama do “Tai Chi".

Princípios complementares
Segundo este princípio, duas forças complementares compõem tudo que existe, e do equilíbrio dinâmico entre elas surge todo movimento e mutação.

Essas forças são:

• Yin: o princípio passivo, noturno, escuro, frio

• Yang: o princípio ativo, diurno, luminoso, quente.



Também é identificado como o tigre e o dragão representando os opostos.

Essas qualidades acima atribuídas a cada uma das dualidade são, não definições, mas analogias que exemplificam a expressão de cada um deles no mundo fenomênico. Os princípios em si mesmos estão implícitos em toda e qualquer manifestação.


Os exemplos acima não incluem qualquer juízo de valor, e não há qualquer hierarquia entre os dois princípios. Assim, referir-se a Yin como negativo apenas indica que ele é negativo quando comparado com Yang, que será positivo. Esta analogia é como a carga elétrica atribuída a prótons e elétrons:

os opostos complementam-se, positivo não é bom ou mau, é apenas o oposto complementar de negativo.


O diagrama do “Tai Chi” simboliza o equilíbrio das forças da natureza, da mente e do físico. (Preto) e (branco) integrados num movimento contínuo de geração mútua representam a interação destas forças.


A realidade observada é fluida e em constante mutação, na perspectiva da filosofia chinesa tradicional. Portanto, tudo que existe contém tanto o princípio Yin quanto o Yang. O símbolo “Tai Chi” expressa esse conceito: o Yin dá origem ao Yang e o Yang dá origem ao Yin.


Desde os primeiros tempos, os dois pólos arquetípicos da natureza foram representados não apenas pelo claro e pelo escuro, mas, igualmente pelo masculino e pelo feminino, pelo inflexível e pelo dócil, pelo acima e pelo abaixo.

Yang, o forte, o masculino, o poder criador era associado ao céu, enquanto o Yin, o escuro, o receptivo, o feminino, o material, era representado pela terra. O céu está acima e esta cheio de movimento. A terra - na antiga concepção geocêntrica - está em baixo e em repouso. Dessa forma, yang passou a simbolizar o movimento e yin o repouso. No reino do pensamento, yin é a mente intuitiva, feminina e complexa, ao passo que yang é o intelecto masculino, racional e claro. Yin é a tranqüilidade contemplativa do sábio, yang a vigorosa ação criativa do rei.


Referência Bibliográfica:

1. Blofeld John. O Portal da Sabedoria. Editora Pensamento, 1993, 9ª Edicação. São Paulo. SP.
2.
Wilhelm Richard. I CHING. O Livro das Mutações. Editora Cultriz., 1982: tradutora Alaíde Mutzenbercher e Gistavo Corrêa Pinto.
3.
Nei Ching. O livro de ouro da medicina chinesa. Editora Objetiva LTDA, 1989. Rio de Janeiro, RJ.

4. Heider John. O Tao e a Realização Pessoal. Editora Cultrix, 1999. São Paulo. SP.

5. Capra, Fritjof. O Tao da física. Ed. Cultrix, 1995. São Paulo, SP.

6. Nan-Ching. O clássico das dificuldades. Tradução e notas de Unschuld, Paul U. Ed.Roca, 2003. São Paulo,SP.


28 de ago. de 2009

MESTRE LIU PAI LIN


Neste turbilhão de informações, trilhando os caminhos em direção a compreensão clara da linguagem da alma, num Congresso Holístico em 1993 tive a dádiva de conhecer o Mestre Liu Pai Lin.

Noutra feita, participando de um seminário " Saúde e longevidade" realizado pela UNIPAZ e facilitado por ele, onde explicava sobre o 'I CHING VIVO', eu levei alguns dos meus livros para tirar dúvidas com ele, rsrsrsrs. Só rindo mesmo, pois no início do seminário, ele houvera dito: - O Mestre ensina o fácil, e deixa para o homem ensinar o complicado. O Mestre literalmente encarna a sabedoria.

E eu estava lá com as complicações hominais, com uma natureza sincera, mas recheada de intelectualidade, pois vivia a minha emergência espiritual de estar um matagal de ervas daninhas do conhecimento e esqueci de pisar no freio. E mostrei os livros e comecei a fazer mis perguntas.

Recebi um “PITO” do Mestre que disse:
- Eu ensino o ‘I Ching Vivo’. E aponto o dedo para a lua, você fica olhando para o dedo... sem compreender nada...
O símbolo não é o simbolizado, e como tal não pode ser confundido. Se acurar a vista para aquilo que o símbolo não é, talvez veja o que ele é. Ele é uma figura que indica uma intenção... Partindo do símbolo o ser humano poderá ou não encontrar o simbolizado. Ele é apenas a manifestação de uma parte de uma coisa e não da sua totalidade; nem com indício - que é apenas algo que aponta, leva ao conhecimento, como as nuvens que indicam chuva, etc.

Ele continuou a expor os seus ensinamentos com amor, pois conhecia as tramas da alma e o que se passava no interior de cada uma delas, num simples olhar. Esse simples senciente iniciou um novo roteiro de vida aos 70 anos e se dedicou a ensinar o Tai Chi Chuan, Ki Kong, Tui Na, o I Ching Vivo, a Medicina Tradicional Chinesa e outras... Morreu ensinando para que tivéssemos saúde e longevidade e a vida ficou mais suave depois que ele ensinou a viver na circulação do CHI.

Liu PAI Lin trás em seu nome a palavra PAI e na verdade ele tem a natureza arquetípica do 'Grande Pai' ele é sábio, generoso, compreensivo, saudável, longevo, vivaz, alegre e tem uma sensibilidade ao exercer com maestria a virtude de ensinar a iniciação aos mundos internos diretamente da alma.

Ao mestre Liu artista que me ensinou a linguagem da alma, um eterno agradecimento.


Mestre do TAO. Afirma-se que nas linhagens "TAOISTAS" as conquistas da longevidade, da saúde, da graciosida, da vivacidade do espírito e da espontaneidade são índices de compreensão do 'TAO' e de realização espiritual. E um mestre se conhece pela experiência pessoal corporificada no legado da tradição.
O Mestre Liu, aos noventa e poucos anos, era idoso, mas sem sinais visíveis de decrepitude: a pele e os músculos ainda firmes, as articulações e tendões flexíveis, os dentes em bom estado. Os olhos brilhantes transpareciam uma inteligência viva e rápida. Capaz de trabalhar por horas a fio como médico ou palestrante, aparentemente sem se esgotar. Parte de seu prestígio derivava daquilo que ele expressa constantemente pelo corpo."
O título de Mestre que Liu Pai Lin recebeu não se refere apenas ao seu trabalho de ensino ou ao grau de realização que atingiu nas práticas taoístas, é também um reconhecimento dado pelos mestres das linhagens a que pertence a quem assume de coração a missão de divulgar o conhecimento do TAO.

Mensagem para os jovens
No final de 1999 o Mestre Liu gravou a pedido da MTV uma vinheta com uma mensagem dirigida aos jovens, traduzida por Jerusha Chang.
Nesta mensagem ele fala da necessidade do jovem aprender a realizar três transformações:
• Transformar a violência em amor humanitário.
• Transformar a agitação em serenidade e espiritualidade.
• Transformar a vida curta em vida longa.

O mestre Liu Pai Lin fez a passagem no dia 3 de fevereiro de 2000, deixando milhares de díscipulos pelo mundo todo.

Sua díscipula Jerusha Chang deixa um depoimento:

TAO é seguir o caminho. Um sábio abandonou o tumulto do mundo.
O Mestre Liu Pai Lin partiu na luz dourada e retonou ao seio da grande Mãe.
Esta semente plantada e regada com tanto amor seguirá seus passos no TAO com fidelidade e lealdade na forma e no coração.
Nosso Mestre subiu a montanha e no caminho de volta ensinou os segredos da vida, da natureza e do ser humano, plantou sementes e lhes deu conhecimento, saúde e capacitação.
Ao Mestre eterno nossa eterna gratidão.

Saúde e Longevidade!

ONDE ESTÁ O TAO


VOLTE AO PRINCÍPIO

Um mestre muito sábio, recebeu no mosteiro um novo discípulo, iniciando no Yoga Taoista. A partir do ensinamentos preliminares, o discípulo mostrou-se muito inteligente, e cada vez mais aprofundando em conhecimentos. Passado algum tempo, o discípulo era um exímio conhecedor dos livros sagrados, e muitas técnicas do caminho.
Certa vez este discípulo foi convidado para fazer uma palestra sobre o TAO e perguntou ao mestre se podia realizar esta tarefa, e o mestre permitiu, dizendo que assistiria tal preleção.
O discípulo realizou a dita palestra, com muitos conhecimentos e eloquência. Todos que assistiram ficaram encantados e embevecidos com os conhecimentos sobre o TAO.
Após a palestra, o discípulo se dirigiu ao mestre e perguntou:
- Amado Mestre, fale-me se gostou?
E o mestre disse calmamente:
- O TAO que pode ser dito, não é o TAO. Volte ao princípio.

ONDE ESTÁ O TAO

Certa vez um discípulo perguntou ao mestre: “Onde está o Tao”?
Mestre: Bem na nossa frente.
Discípulo: Porque não o vejo?
Mestre: Você não o vê por causa do seu egoísmo.
Discípulo: Se eu não posso vê-lo por causa do meu egoísmo, será que o senhor pode vê-lo?
Mestre: Enquanto houver eu ou tu, a situação se complica e não há visão do Tao.
Discípulo: Quando não há nem eu nem tu, existe a visão do Tao?
Mestre: Quando não há nem eu nem tu, quem estará aqui para vê-lo?


São dois contos Taoista para reflexão, sobre conhecimentos e suas manifestações no caminho da sabedoria. O conhecedor do caminho, não é o caminho, tampouco é o caminheiro. É quando ele deixa de ser tudo e nada sendo, pode iniciar a compreensão ... iniciar...apenas iniciar...

Paz Profunda!

26 de ago. de 2009

O TAO - TAO TE CHING


Tao (pronuncia-se tao, mas na grafia chinesa Pinyin escreve-se Dao) significa, traduzindo literalmente, o Caminho, mas é um conceito que só pode ser apreendido por intuição. O Tao não é só um caminho físico e espiritual; é identificado com o Absoluto que, por divisão, gerou os opostos/complementares Yin e Yang, a partir dos quais todas as "dez mil coisas" que existem no Universo foram criadas.É um conceito muito antigo, adotado como princípio fundamental do TAOISMO, doutrina fundada por Láo Tse.

O conceito de Tao é algo que só pode ser apreendido por intuição. É algo muito simples, mas não pode ser explicado. É o que existe e o que inexiste. Só que nós temos demasiados conceitos dentro da cabeça para o entender como um todo uno.

O Tao é o Caminho da espontaneidade natural. É o que produz todas as coisas que existem. O Te (a Virtude) é o modo de caminhar espontâneo que dá às coisas a sua perfeição.

O Tao não transcende o mundo; o Tao é a totalidade da espontaneidade ou "naturalidade" de todas as coisas. Cada coisa é simplesmente o que é e faz. Por isso, o Tao não faz nada; não precisa de o fazer para que tudo o que deve ser feito seja feito. Mas, ao mesmo tempo, tudo que cada coisa é e faz espontaneamente é o Tao. Por isso, o Tao "faz tudo ao fazer nada".

O Tao produz as coisas e é o Te que as sustenta. As coisas surgem espontaneamente e agem espontaneamente. Cada coisa tem o seu modo espontâneo e natural de ser. E todas as coisas são felizes desde que evoluam de acordo com a sua natureza. São as modificações nas suas naturezas que causam a dor e o sofrimento.

O modo de caminhar taoista

Se entendermos bem a natureza das coisas e conseguirmos esquecer tudo o que aprendemos que tenta ir contra ela, conseguimos fazer tudo o que é possível, com o mínimo esforço. Porque acabamos por deixar as coisas seguirem o seu curso natural. Não fazemos nada (claramente por nossa vontade própria) mas nada fica por fazer.

Na busca do conhecimento, todos os dias algo é adquirido,
Na busca do Tao, todos os dias algo é deixado para trás.

E cada vez menos é feito
até se atingir a perfeita não-ação.
Quando nada é feito, nada fica por fazer.

Domina-se o mundo deixando as coisas seguirem o seu curso.
E não interferindo.

TAO TE KING - O livro do Caminho e da sua Virtude. Neste livro temos lindas passagens onde expressa de forma lúcida e clara sobre o TAO.

Capítulo 3

Na busca do conhecimento, todos os dias algo é adquirido,
Na busca do Tao, todos os dias algo é deixado para trás.
E cada vez menos é feito
até se atingir a perfeita não-acção.
Quando nada é feito, nada fica por fazer.

Domina-se o mundo deixando as coisas seguirem o seu curso.
E não interferindo.


Capítulo 4


As dez mil coisas nascem a partir do que existe (e tem nome)
E o que existe nasce do que não existe (e não tem nome).

Capítulo 11

Quando um estudioso mais sábio ouve falar no Tao,
Abraça-o com zelo.
Quando um estudioso médio ouve falar no Tao,
Pensa nele de vez em quando.
Quando um estudioso inferior ouve falar no Tao,
Ri-se às gargalhadas.
Se ele não risse
O Tao não seria o Tao (o Caminho).

CAPÍTULO 40


O Tao de que se pode falar não é o verdadeiro e eterno Tao.
O nome que pode ser dito não é o verdadeiro nome.
O que não tem nome é a origem do Céu e da Terra
E o nomear é a mãe de todas as coisas.

Sem a intenção de o considerar,
Podemos apreender o mistério e as suas subtilezas,
Através da sua ausência de forma.
Tentando considerá-lo, só podemos ver a sua manifestação
Nas formas que definem o limite das coisas.

Ambos provêm da mesma fonte e são o mesmo.
Diferem apenas devido ao aparecimento dos nomes.
São o mistério mais profundo,
a porta para todos os mistérios.

Capítulo 41

O Tao é como o espaço vazio dentro de um vaso;
Mas, por mais que o enchamos, nunca ficará cheio.
É imensurável, como se fosse o Antepassado de todas as coisas.

Capítulo 48

Devemos agir de acordo com a nossa vontade apenas dentro dos limites da nossa natureza e sem tentar fazer o que vai para além dela. Devemos usar o que é naturalmente útil e fazer o que espontaneamente podemos fazer sem interferir na nossa natureza. E não tentar fazer aquilo que não podemos fazer ou tentar saber aquilo que não podemos saber. A felicidade é essa "não-ação" perfeita WU WEI.

Para conseguirmos entender o curso natural das coisas e seguirmos o Caminho temos que conseguir desaprender muitos conceitos. Para os podermos desaprender é preciso que antes os tenhamos aprendido. Mas temos que passar a um estado muito parecido com o estado inicial em que estavamos antes de o termos aprendido.

Se abrirmos os olhos de repente, há um brevíssimo momento durante o qual o nosso cérebro ainda não analisou o que está a ver. Ainda não distinguiu as cores e as formas nem descodificou o que se está a passar à nossa frente. Os taoistas procuram viver o mais perto possível desse estado. É uma renúncia à análise, sempre imperfeita, da realidade.

Trinta raios convergem para o meio de uma roda
Mas é o buraco em que vai entrar o eixo que a torna útil.

Molda-se o barro para fazer um vaso;
É o espaço dentro dele que o torna útil.

Fazem-se portas e janelas para um quarto;
São os buracos que o tornam útil.

Por isso, a vantagem do que está lá
Assenta exclusivamente
na utilidade do que lá não está.

Capítulo 60


Não exaltar os homens com habilidade superior
Evita que as pessoas rivalizem entre si;
Não dar valor às coisas raras
Evita que surjam ladrões;
Não lhes mostrar o que pode excitar os seus desejos
É o modo de manter os seus corações em paz.

Por isso, o sábio governa simplificando-lhes as mentes,
Enchendo-lhes a barriga,
Enfraquecendo-lhes a ambição
Fortalecendo-lhes os ossos,
Mantendo-os sem conhecimentos e desejos que os desviem do Caminho,
De modo a que os que têm nunca ousem sequer interferir.
Se nada for feito, tudo estará bem.


Referência Bibliográfica:

1. - Wilhelm Richard. I CHING. O Livro das Mutações. Editora Cultriz., 1982: tradutora Alaíde Mutzenbercher e Gistavo Corrêa Pinto.
2. - Mutzenbercher Alaíde. I CHING Editora Gryphus.
3. - Netto Mendes, Daniel. I Ching Numerológico. Mendes

4. - Lao Tzu. Tao Te Ching. Editora: Martins Fontes, 6ª Edição

5. - Lao Tse. O Tao Te Ching. O Livro que revela Deus. Editora Martin Claret, 1ª Edição

6. - http://pt.wikipedia.org/wiki/Tao
7. - http://christianrocha.files.wordpress.com/2008/12/taoteking.pdf

Paz Profunda

O TAO DO CÉU


O vácuo quântico, de fato, é a origem do Universo. Esse vácuo quântico é de âmbito misterioso. Nada há nele; ele nada possui, mas é um âmbito generativo” (SOPHIA 1:20).(Brian Swimme, matemático e cosmólogo).


“Nada é tudo; escuridão é luz; sofrimento é alegria. Como é difícil dizer isto, a menos que se tenha feito sua experiência” 44:66. (Padre William Johnston, jesuíta)


A palavra grega para o grande vazio original, antes da criação, é "Kaos". Esse "Kaos" (grande vazio ou grande plenitude) criou o "Kosmos" (aparência, véu) 62:38. Para os gregos, "Kosmos" tem o mesmo sentido que o termo hindu Maya (ilusão ou Makyo japonês). Ambos os termos demonstram que a Criação é uma grande ilusão oculta sobre o véu da materialidade, que se originou de um Vazio Primordial. A filosofia taoísta chama de Wu-chi (O Sem Cume) a esse Vazio Primordial (Cf. "CAOS").


Outro conceito importante é que ao vazio (Kaos), o “Nada” que originou “Tudo”, retornará novamente toda a Criação: o “Nada” originou “Tudo” que, por sua vez, retornará ao “Nada”. Esse vazio (shunya) é um importante conceito budista, uma meta a ser alcançada. No Volume 1 dissemos que Michio Kaku, Paul Steinhardt e Andrei Linde defendem a tese de que antes do Big-Bang haveria um estado de efervescência, destituído de matéria, espaço ou tempo, onde periodicamente, nascidos desse “Nada”, surgiriam Universos. Mas como o “Nada” pode dar origem a alguma coisa?


Parte desse mistério começou a ser explicado pela ciência, pelo físico Alan Guth do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets). Deve-se aqui esclarecer que para a física o “Nada”, ou o vazio, sempre é alguma coisa, embora destituída de matéria. Segundo ele, naquele “Nada” existente antes do Big-Bang, haveria apenas energia de altíssima freqüência. Sabe-se hoje, a partir da mecânica quântica, que energia pode ser convertida em matéria a partir de súbitas variações do campo elétrico (flutuação de vácuo). Então, provavelmente, a partir dessa flutuação ocorreu um colapso da onda energética e as primeiras subpartículas surgiram. Esse colapso teria gerado uma força gravitacional negativa que obrigaria, pela lei de conservação de energia, à formação de matéria na forma de uma imensa massa de quarks: “a energia positiva da matéria foi equilibrada pela energia negativa do campo gravitacional”.


Mas sobre a origem dessa energia primordial e sobre as causas dessa flutuação de vácuo e do colapso de onda, uma grande interrogação continua. Andrei Linde chega a afirmar que uma teoria nunca será completa se não admitir a existência de uma Consciência Superior como responsável pela construção do Universo. Voltamos novamente à noção filosófica do ESPÍRITO que no início é o NADA, mas ao mesmo tempo é o TODO, pois contém, Nele mesmo, TUDO.


Mas para entrar em contato com esse vazio não é necessário “retornar no tempo”. Para a física ele está em toda a parte. Encontramos o vazio no mundo subatômico quando analisamos a constituição do átomo e vemos que ele é um vazio que contém subpartículas. Podemos sentir isso se nos colocarmos dentro do átomo e imaginarmos que ele é apenas poeira, girando numa órbita do tamanho da nave da catedral de São Pedro, em Roma, e cujo centro é um grão de areia. Assim vemos a dimensão do vazio existente dentro de um só átomo. Se toda as subpartículas, presentes em um corpo físico humano, fossem aglutinadas, eliminando-se todo o espaço vazio entre elas, o corpo físico humano seria do tamanho de um grão de areia.


Assim, o moderno conceito de subpartícula não mais pode ser comparado a um grão de poeira, pois se comporta mais como um campo vibratório que pode assumir tanto a forma de quanta (luz) como a de subpartícula (a “poeira”), o campo “quantizado”. Criou-se a “teoria quântica dos campos”, em que cada partícula é um campo distinto, o qual passa a ser a entidade física fundamental. Esse campo, também chamado de vácuo físico, seria um meio contínuo, presente em todos os pontos do espaço. Nele as partículas não passariam de condensações energéticas locais desse campo (o qual, por si só, já é altamente energizado), que surgem e somem, dando a ilusão de uma existência independente, mas mantém contínua interação com os campos vizinhos. Matéria nada mais é que energia congelada.


“Podemos então considerar a matéria como constituída por regiões do espaço nas quais o campo é extremamente intenso... [Então] o campo é a única realidade” 14:160.

Albert Einstein (1.879-1.955)


Dessa forma o vazio quântico da teoria dos campos não é um simples estado de “nada”, mas contém potencial de surgimento de todas as subpartículas como manifestações transitórias desse vazio subjacente. O vazio dos físicos é um vazio que “pulsa num ritmo sem fim de criação e destruição”, uma entidade altamente dinâmica. Mas será que existe nesse espaço “vazio” algo que ainda não conseguimos medir? Quantas outras manifestações não mensuráveis, pelo menos por enquanto, ocorrem nesse “vazio”, paralelamente ao surgimento e desaparecimento das subpartículas. Pode-se antever, então, a comprovação do que a matemática já viu: a existência de até 11 dimensões em nosso Universo (as p-branas vistas no Volume 1), sustentadas pela teoria das supercordas.


De acordo com essa teoria de campo da matéria, a realidade subjacente à subpartícula está além da forma. À ilusão da forma, a filosofia hindu chama Maya, e à noção do vazio, que ao mesmo tempo é vida e origem do Universo, deram o nome de Brahman. Para o hinduísmo Brahman se tornou o mundo através de sua Maya (mágica ou ilusão). Esse mundo “ilusório” seria como uma grande brincadeira, a lila ou cosmodrama, em que todos agiriam movidos pela Lei de Causa e Efeito (Karma), a qual dá a forma cíclica e fluida da existência.


O Sefer Ha-Zohar (Livro do esplendor) cabalista judeu diz que a Divindade suprema é a base e a origem de todas as coisas, em todos os quatro mundos manifestados (Cf. no Volume 1). Ele é visto como o “Nada”, como Existência Negativa, um “ilimitado abismo de glória”.


A eletrodinâmica quântica já estuda as relações dos campos eletromagnéticos com os campos quânticos. Albert Einstein (1.879-1.955) passou os últimos anos de sua vida à busca da relação entre o campo eletromagnético, o campo gravitacional e o “campo quantizado” na sua teoria de um campo unificado 14:161.


Quando a física chegar à definição do campo unificado, como a explicação e a essência de todos os fenômenos do Universo, com potencial criativo infinito, teremos chegado à noção do Brahman hindu que é o mesmo Tao chinês, o mesmo Dharmakaya budista e o mesmo Fohat tibetano, o Senhor e única fonte do Universo 14:161 (Cf. em DEUS, O TODO; no Volume 1), ou teremos chegado apenas à compreensão de uma das manifestações Dele, no nosso Assiah (Mundo da Matéria dos cabalistas):


“O Tao do Céu é vazio e sem forma” 14:161.

Kuan Tsé (VII a.C.) Desse modo, é do vazio físico que todas as manifestações surgem e é nele que todas desaparecem. Duas maneiras de existir, uma ativa e uma passiva. Forma é vazio e vazio é forma. Por serem manifestações transitórias do vácuo, nada manifestado pode ser considerado individual. Esse tipo de energia existente no vácuo, que ora se dispersa e ora se condensa, a que os físicos chamam de campo quantizado, os chineses chamam de Ch’i. O significado literal de Ch’i manifesta conceitos de “éter” ou “gás”. Dessa forma podemos correlacioná-lo com o sopro vital bíblico que anima o homem, o fluido universal de Allan Kardec (1.804-1.869), o ki japonês ou o Prana hindu, presente em todo o espaço e “animando” todas as formas visíveis transitórias. Será que o conceito de “ser vivo” e “ser não-vivo” se correlacionaria com a quantidade de Ch’i, ou energia de campo quântica presente na forma manifestada?

“O Grande Vácuo [Wu Chi] não pode consistir senão de Ch’i; este Ch’i não pode condensar-se senão para formar todas as coisas e essas coisas não podem senão dispersar-se de modo a formar o Grande Vácuo”14:163.

Chuang Tsé (IV a.C.)


“Forma é vazio, vazio é na verdade forma. Vazio não difere da forma, a forma não difere do vazio. O que é forma é vazio; o que é vazio é forma” 14:164.

Prajna-paramita-hridaya sutra – escola budista Mahayana



Os budistas entraram de forma profunda no conceito de “vazio” (shunya). Buda, no seu Sutra da Sabedoria e Perfeição, deu seus ensinamentos acerca dele. A interpretação desses ensinamentos tem diferenças, de acordo com a escola de pensamento filosófico. Por exemplo, para a escola Madhyamika, entender o vazio significa entender que nenhum fenômeno observável pode ter uma existência inerente e tudo o que existe não tem existência independente, ou seja, todos os fenômenos e objetos são ilusórios e irreais. Em outras palavras o real (vazio) é tudo aquilo que é independente, que existe por si mesmo, do contrário é irreal, dependente e ilusório.


Entrar no vazio seria vivenciar a natureza real subjacente de todos os fenômenos, experimentar o Silêncio. Então o “vazio” não é um vazio, mas está “cheio” com algo (alguma forma de energia vibratória) que preenche essa realidade. A natureza final das coisas seria, então, esse “nada”. Para essa escola budista, essa é a Verdade final, em contraste com a verdade convencional que afirma que as pessoas e as coisas existem independentemente. O Zen tem como meta a busca desse “vácuo”, dessa paz, desse “abismo de glória”, experimentar mentalmente esse vazio: um estado ampliado de consciência. Se o vazio é a realidade e o presente idem, como visto anteriormente, vivenciar e sentir o presente é penetrar no vazio, ou ao inverso, penetrar o vazio é vivenciar e sentir conscientemente esse eterno presente.


Os místicos católicos, bem como de todas as tradições, falam de vazio, escuridão, vácuo e nada, palavras que sugerem total negatividade, mas os descrevem com um colorido todo especial de alegria, beleza e riqueza. Mestre Eckhard (1.260-1.328), monge dominicano, o chama de Treva Divina superessencial (SOPHIA 1:20). O Vazio é o Silêncio onde a Palavra de Deus vibra e mantém o Universo ilusório.

“Uma palavra disse o Pai, que foi seu Filho [o Verbo] e esta Palavra o Pai a diz no eterno silêncio e em silêncio é preciso que pela alma ela seja ouvida” 87:18.

São João da Cruz (1.540-1.591)

“Se não fosse a Sua presença sustentadora, todas as coisas cessariam de existir e cairiam no Nada” 12:44

Madre Teresa de Calcutá (1.910-1.997)


É possível pensar que o vazio existe, mas, segundo o XIV Dalai Lama, o próprio vazio não tem existência independente. O vazio também depende de alguma coisa, pois é um aspecto de todas as coisas observadas. Dessa forma, se o vazio não tem existência independente, ele não é real e existe um vazio do vazio que teríamos que perceber 28:164. Se continuarmos esse raciocínio indefinidamente, poderemos inferir que a Verdade final é a ausência de uma natureza absoluta independente 28:166.


Podemos usar uma metáfora intelectual para se ter uma idéia dessa outra dimensão da existência, onde todas as coisas estão interligadas, da qual não temos consciência. Pense que você é uma pequena gota, da superfície de um imenso oceano. Enquanto na superfície, você vivencia todas as tormentas a que essa superfície está sujeita: torra de calor quando ao sol, congela de frio com os ventos noturnos, é jogado de um lado para o outro, ao sabor das tormentas que lhe atingem, e a todos os seus amigos da superfície, e se resigna a essa sua sorte como a única realidade existente. Mas um colega seu, por acaso, numa dessas tormentas foi jogado um pouco para o fundo e teve um vislumbre de uma dimensão em que uma profunda paz é a realidade e conclui que a superfície é apenas uma ilusão. Esse seu amigo passa a viver aquela paz, se torna uma “gota estranha” no mundo da superfície, a quem nenhuma atribulação da superfície atinge ou a torna infeliz. Assim, ela conta a uma outra gotinha o que observou no lapso de tempo em que esteve submerso. Essa gotinha, por seu próprio esforço e após anos de tentativas, consegue submergir e comprova, por si mesmo, que aquela realidade existe de fato, e dá o seu testemunho ao reino das gotinhas. Mas você não acredita, simplesmente porque a quase totalidade das gotas da superfície não relata o mesmo e porque você mesmo nunca experimentou essa realidade. Você as chama de malucas ou místicas.


O oceano é o vazio físico e religioso, um “nada” cheio de “tudo”. Aquelas gotas tiveram um vislumbre mental do “vazio”, ou em outras palavras, tiveram uma experiência mística. Na linguagem das religiões: o pangree africano, o Samadhi hindu, o Sanmai (grande fixação) zen-budista, o nirvana ou jhana budista, o Daat judeu hassídico, o êxtase contemplativo cristão (contemplação infusa), o fana muçulmano, a percepção transcendental da meditação transcendental, a turiya da kundalini-yoga, a superconsciência de Sri Aurobindo (1.872-1.950) e de Paramahansa Yogananda (1.893-1.952), a Grande Imobilidade dos taoístas, etc.. Enfim, como gota, a sua individualidade dura o exato lapso de tempo em que você salta da superfície, após o que você novamente é incorporado ao oceano.


A existência é, então, uma grande teia cósmica energética em que tudo o que pode ser chamado de individualidade está, de alguma forma, separado do Real (do Vazio) e que falar de Vida só faz sentido quando se tem em mente a unidade de todas as coisas na Grande Teia Cósmica da Vida Una. Toda individualidade é impermanente e ilusória.


Referência bibliográfica: http://www.orion.med.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=83:teiavida&catid=27:orion2&Itemid=53