31 de jul. de 2009

BUDA, O DESPERTO

Buda viveu no século VI antes de Cristo. Esse século foi marcado por grande atividade, tanto social quanto intelectual. Foi a era de ouro, ou do apogeu da história das religiões; notável pela inquietude espiritual e agitação intelectual em muitos países. O aparecimento de mestres religiosos no Oriente e no Ocidente, nesse período, foi quase contemporâneo.


A História já testemunhara as mudanças radi­cais das condições sociais e religiosas em Roma e na Grécia. En­quanto Heráclito ensinava a doutrina Panta Rhei, ou a teoria do fluxo, em Atenas Pitágoras dirigia a sua já famosa escola. Na China havia Lao-Tsé, que ativava a mente dos homens com os ensinamentos sobre Taoísmo. Na Pérsia, atual Ira, havia Zaratustra ou Zoroastro, como era chamado pelos gregos. Na índia, Mahavira foi o expoente do Jainismo.

Assim, há dois mil e quinhentos anos atrás, as crenças religiosas não se haviam consolidado em dogmas. A religião era associada à filosofia especulativa e havia um espírito de larga tolerância que abrangia muitas escolas de pensamento. Juntamente com a maior parte do mundo antigo, a maioria dessas escolas aceitava a reencarnação como fato básico. Para os homens inteligentes, sempre parecera im­possível que a vida pudesse chegar a um fim com a desintegração do corpo físico e, se assim fosse, era igualmente difícil imaginar que ela aparecesse pela primeira vez com o nascimento físico. Em toda a Natureza há um princípio de continuidade em mudança, que nós so­mos capazes de sentir dentro de nós mesmos, e é isso que tem dado incremento ao conceito de uma alma imortal no homem.

A iluminação de Gautama Buda modificou a idéia de uma "alma* que transmigra, mas o princípio do renascimento permanece, e este, juntamente com a Lei do Carma *, " conforme você semear, você co­lherá", é que dá ao Budismo o seu código moral. Esses dois princípios, juntos, explicam todas as anomalias da vida, o problema do mal e do sofrimento no mundo.


Na índia, acreditava-se geralmente que o objetivo da vida religiosa era obter o supremo conhecimento, ou iluminação, que a maior parte das seitas julgava ser uma identificação de si próprio com a suprema Divindade (Deus), o Absoluto Impessoal, ou Brama. Havia, contudo, certas escolas que ensinavam o niilismo, e equivaliam aos nossos modernos sistemas agnósticos e materialistas.


O fundador desta grande religião, que é o Budismo, é conhecido como Buda, o Iluminado. Isto é apenas um título, e não um nome. Seu sobrenome era Gotama, ou Gautama em sânscrito, e seu nome próprio era Siddhartha (aquele que alcança o seu objetivo). Seu pai, Suddho-dana, era o soberano do reinado dos Sákyas, situado nas colinas ao pé dos Himalaias, na fronteira do Nepal. A rainha Maya era sua mãe. Seguindo os costumes da época, ele se casou muito jovem, aos dezesseis anos, com a delicada princesinha Yasodhara. Não lhe faltando nada dos prazeres mundanos, vivia feliz com a amorosa esposa. En­tretanto, com o avanço do tempo e maturidade, o príncipe começou a perceber as misérias do mundo. Confrontado com a realidade da vida e com o sofrimento da Humanidade, resolveu procurar uma so­lução e uma saída deste sofrimento, ou insatisfação universal. Aos 29 anos de idade, logo após o nascimento de seu filho único, Rábula, ele se retirou, solitário, em busca da solução: colocou-se sucessiva­mente sob a tutela de dois professores das escolas dos Vedas e dos Upanixades e tornou-se mestre em tudo o que elas foram capazes de ensinar no que concernia à união com Brama, não só em teoria, como em prática de meditação. Ele teve êxito de fato, obtendo identificação com a mais alta consciência, considerada a meta final da experiência religiosa. Em dias posteriores, quando já era o Buda, pôde dizer aos brâmanes de sua época que devia ser incluído entre os que tinham conhecido o mais alto estado espiritual, que era um "conhecedor dos Vedas" e era um dos que tinham "visto Brama face a face".


Mas ele achava que isso não era o bastante. Mesmo no mais alto plano espiritual, os deuses de Brama não estavam completamente li­bertos do processo de vida e morte; estavam, ainda, sujeitos a mudar e, conseqüentemente, sujeitos à incerteza e ao sofrimento. O que ele desejava era um estado completamente fora de todas as categorias de existência e não-existência, absolutamente livre de todos os laços da vida condicionada. Assim, ainda que a maioria dos homens esti­vesse satisfeita em aceitar a mais alta norma religiosa dos tempos e mesmo tomado lugar como um dos expoentes qualificados dessas doutrinas, ele procurou caminhos ignorados de conhecimento e estabeleceu seu objetivo além dos Vedas e Upanixades.


Após seis anos de intensos esforços e penitências, abandono mortificações, declarando, no seu primeiro discurso, que aqueles desejam conduzir uma vida espiritual devem evitar os dois extremos: a auto-indulgência e a autotortura. A auto-indulgência é baixa automortificacão é loucura; ambas são inaproveitáveis.


Há um Caminho Médio que conduz à serenidade, conhecimento, perfeita paz ou Iluminação (Nirvana); com resolução e confiam sua própria pureza e força, sem a ajuda de mestres, através meditação profunda, encontrou-se de posse da grande Verdade então, que se tornou o Buda. Achou que a fé que nutrira, todo todo o tempo num estado de absoluta liberação — estado no qual as condições de nascimento e morte, surgindo e extinguindo-se. nunca poderia estabelecer-se por si mesmas — havia sido justificada. Este estado chamado Nibbana (Nirvana); caracteriza-se pela extinção de toda afirmação da vida e causa da morte, qualidade de individualidade, o que significa que, pela total eliminação de todos esses ardentes instintos que nos prendem ao processo de vida, provoca repetidos renascimentos e em outras esferas.


Desta forma, realizou a Suprema Iluminação através compreensão das Quatro Nobres Verdades, as eternas Verdades são as concepções centrais de seus ensinamentos, a saber:


AS QUATRO NOBRES VERDADES


I. A Verdade de que toda vida sensível envolve sofrimento.


II. A Verdade de que a causa dos repetidos renascimentos e sofrimentos é a ignorância, associada ao desejo.


III. A Verdade de que esse processo de nascimento, morte e sofrimento pode ser levado para um fim somente com a obtenção do Nibbana (Nirvana).


IV. A Verdade de que o Nirvana pode ser alcançado seguindo-se com perfeição o Nobre Caminho Óctuplo que abrange Sila, Samadhi e Panna, isto é, moralidade, meditação e compreensão intuitiva.


* Karma em sâncrito, ou Kamma em páli (Lei de causa e efeito); não confundir como Kama(páli) que significa desejo dos prazeres sensuais.



Referência bibliográfica:

1. - DHAMMAPADA. Caminho da Lei. ATTHAKA. O livro das Oitavas. Doutrina Budista Ortodoxa em versos. Tradução e adaptação: Dr. Georges da Silva. Editora Pensamento. São Paulo, 1978.


Paz Profunda!

2 comentários:

Marcos Takata disse...

Belíssimo história! Meu baú de alegrias. Bijus

Lívia Luz disse...

As nobres verdades são maravilhosas, vou esperar postar. abraços