18 de fev. de 2010

SILÊNCIO




Refletindo sobre o silêncio trago um pouco do filósofo Huberto Rodhen e que partilho e transcrevo essas ponderações para aprender um pouco mais sobre esse estado grandioso que é o silêncio:

Silêncio é sinônimo de qualidade – ruído é sinônimo de quantidade.
Silêncio é essência causante – ruído é existência causada.
Silêncio tem afinidade com o Infinito, o Absoluto, o Eterno, o Todo, com Iahweh (…) Ruído é do mundo dos Finitos, dos Relativos, dos Temporários, das Partes, é Maya, mundo, natureza, efeito.
Silêncio é Fonte única – ruído são canais múltiplos.
O Uno do Universo é silêncio – o verso dessa palavra representa os ruídos.
Silêncio é Ser – ruído é Existir, ou Agir.
Silêncio e silencioso é tudo que é grande, poderoso, belo, perfeito.
Silêncio é vida, inteligência, espírito, energia – silenciosas são as trajetórias dos astros e dos átomos; silêncio é a causa de todos os ruídos dos efeitos que nossos sentidos percebem ou nossa inteligência concebe. O que está além de todos os derivados, na zona dos sentidos e do intelecto, isso é o inderivado da razão, do espírito cuja fonte brota do seio silencioso do Incógito e do Incognoscéivel.

O homem que é muito consciente no plano horizontal do existir e pouco consciente na zona do ser é barulhento, ruidoso – o homem que é intensamente consciente é tanto mais silencioso quanto mais consciente do seu ser, porque o seu ser é o eixo energético, e o seu existir é apenas uma periferia externa impelida por aquela força interna.

O homem primitivo (carnal para nos cristãos) mede a abundância da sua vida pela medida dos barulhos que é capaz de produzir ou de receber. O homem primitivo não concebe a vida e vitalidade sem barulho e movimento externo; e, quando a fonte natural do ruído, a voz, é fraca de mais para produzir o barulho que ele deseja ouvir, então o homem primitivo inventa e fabrica ruídos artificiais, por meio de foguetes, bombas, morteiros, tambores e outros instrumentos ruidosos.

E só então sente ele a sua vida e vitalidade. Parafraseando as conhecidas palavras de René Descartes “Cogito, ergo sum “ (eu penso, logo sou), poderíamos dizer com relação ao homem primitivo: “Eu faço barulho, logo existo”. Se não fizesse barulho que ele produz é a medida da consciência da sua existência; esse barulho lhe dá plena certeza de que existe; o efeito revela a causa; a causa silenciosa lhe é um tanto duvidosa e incerta, mas os efeitos ruidosos são manifestos.

O homem primitivo dificilmente se tolera no silêncio, porque para ele silêncio é vacuidade – e a natureza tem um “horror ao vácuo”. O homem primitivo se goza no barulho, e se sofre no silêncio, e, como todos querem gozar e ninguém quer sofrer, é lógico que ele procura o barulho e evita o silêncio, enquanto não encontrar no silêncio um fator mais vital e mais gozoso do que o barulho”.

Peçamos à Virgem Maria, a Virgem Silenciosa que nos ensine a silenciarmos nosso interior e também o nosso exterior, para que possamos ouvir a voz de Deus e sabermos qual é a sua santa vontade para nossas vidas.

Façamos dessa canção a nossa oração:

“Vivias sempre silenciosa, ó Maria.
Guardavas tudo meditando com muito amor.
Jesus que veio nos trazer a Boa Nova,
geraste silenciosamente em teu coração.
No Natal nos trouxeste, entre cantos, a alegria de Cristo,
verbo Eterno que veio a nós, teu Jesus.
Virgem silenciosa, tu me ensinas silenciar também para no silêncio,
teu menino eu gerar também.
Quero contigo meditar tudo o que a vida me trouxer.
Pra em meus atos proclamar Cristo Jesus…”


Eu gosto muito de Huberto Rodhen e espero que tenham gostado também.
Paz Profunda!


12 comentários:

Marcos Takata disse...

Namaste Norminha,
Eu conheço Rodhen e gosto muito dele. Tem muitas reflexões boas.
Muito bonito esses texto, parece o Zen Budismo.
Bijusss

Norma Villares disse...

Olá Marcos,
Tanto tempo que não vem aqui, tava passeando?

Eu gosto muito dele também. Tem sim é uma oração muito bonita, vou postar depois.
Namaste
Bijussssssssssss

Jorge disse...

Norma, bom dia!!!

O silêncio! Como o valorizamos tão pouco, não é mesmo!
Como você disse, vivemos mais na horizontal. O silêncio é a diferença de quem vive ou busca a verticalidade.
Meu Anjo, no momento a chuva não cai, mas a instrospecção vai bem!!!!
Um ótimo dia!!!
Beijo!!

Norma Villares disse...

Muito obrigada Amigo Jorge,
Sempre é bem vindo texto sobre o silêncio, porque nós ocidentais somos cheios de zoadas.
Abraços sublimes

angela disse...

O silencio as vezes nos remete ao vazio e nem sempre é facil entrar nele.
beijos

Teresa Cristina disse...

Oiee Norma....nossa que bela reflexão do silêncio.Obg por compartilhar.
bjss♥

PAKI disse...

Que belo texto! Que definições profundas e ricas! Adorei. Blog "Encontro com mestres Notáveis" agradece. Namastê!

Maroca disse...

Norma,
Eu não conhecia esse esse texto, o autor eu gosto muito. O livro que tenho é sobre as paráb olas, e é muito bom livro.
Gostei dele imensamente.
Beijos

Isabel José António disse...

Olá Querida Amiga Norma,

Texto lindíssimo. Não conhecida o autor. Mas na sua linha está Krishnamurti que tem textos e livros lindíssimos.

Silêncio profundo e vivificador
Transporta-nos a outra dimensão
Para aquele centro que é criador
E nos aquece com amor o coração

As palavras são símbolos e não
Aquilo que é em si mesmo a Vida
Produzem tantas vezes a ilusão
De que a vivemos tão bem vivida

Silêncio prenhe de tudo o que há
Purificador das sublimes manhãs
Que nos transporta de cá para lá
Com o aroma purificado de maçãs

Silêncio entretecido na magia
Banhado na pureza da água pura
De outros dimensões traz alegria
Que em nós brota como a ternura

Um grande abraço para si, querida amiga e parabéns.

José António

Norma Villares disse...

Muito obrigada amigos, pela visita.
Deus abençoe a todos.
Beijinhos

Adelia Ester Maame Zimeo disse...

Norminha, querida amiga, Rodhen é maravilhoso! Seus textos nos oferecem a oportunidade de refletirmos profundamente.Ainda, mais com a melodia lindíssima de Kitaro! Paz Profunda!

Cris Tarcia disse...

Saber escutar é uma arte

Um abraço